Como você quer ser lembrado quando partir?

Hoje resolvi falar de um assunto pessoal. Quem me acompanha nas redes sociais deve ter visto que perdi meu pai na semana do Natal.

Foto: arquivo pessoal

Há uns 60 dias mais ou menos, ele tinha recebido o diagnóstico de um tumor no pulmão, e já não havia mais o que fazer, a não ser os cuidados paliativos para oferecer conforto a ele.

E por mais que a gente saiba que a morte é algo que vai acontecer com todos, principalmente com pessoas bem velhinhas, nunca estamos preparados para esse tipo de situação, e é tão difícil aceitar quando é com alguém da nossa família.

Eu sempre trabalho com os pacientes que me procuram no consultório para lidar com as suas perdas, sobre a aceitação radical. E hoje, mais do que nunca, me coloco no lugar deles e entendo, quando eles me dizem que é muito difícil.

Porque é difícil mesmo essa tal aceitação.

Aceitação é aceitar como as coisas são postas na nossa vida. E na minha vida, a partida do meu pai foi posta dessa maneira, tão sofrida pra ele e para todos da família, principalmente por ser uma data tão especial, que ele gostava tanto.

Não consegui me despedir dele em vida, mas eu havia ficado com ele no hospital por alguns dias, um mês antes dele partir. E sei que ele ficou muito feliz em ver a filha caçula. A minha “nenê” como ele falava. E também viu como o neto mais novo estava crescendo lindo e educado.

A vida é feita de escolhas, e morar em outro estado diminuía a frequência das visitas. Por isso, parece meio clichê o que vou dizer, mas liguem quando vocês tem vontade, visitem sempre que possível, abracem, digam que amam, usem as melhores roupas. Ele deixou muitas camisas novas sem usar, porque guardava para ocasiões especiais.

E preocupem-se com os seus valores, com o seu legado, porque, como disse o Padre, no funeral: ele está partindo, e deixou só coisas boas, era uma pessoa que não tinha conflito com ninguém, não tinha inimizades, um bom homem que deixou um legado valoroso como filho, marido, pai, avô. Construiu sua vida simples, junto com a minha mãe, dentro das suas possibilidades, e todos temos muito orgulho do bom ser humano que ele foi.

Na Terapia de Aceitação e Compromisso tem até uma técnica que utilizamos para trabalhar valores. Valores de vida. O legado que deixamos. Essa técnica consiste em visualizar como seria o nosso funeral. Quem estaria no velório, na cerimônia de despedida. Se teriam poucas ou muitas pessoas. Quem mandaria flores.

E na despedida do meu pai tinham muitas pessoas, muitas flores, muitas homenagens. Familiares, amigos, toda a comunidade da cidade do interior, a qual ele sempre serviu e dedicou sua vida.

Foto: arquivo pessoal

E nós? Quantas vezes paramos para pensar nos nossos valores e no legado que queremos deixar? Como queremos ser lembrados?

Pense nisso…

Grande abraço a todos, e agradeço muito a todos da Revista Soberana pelo apoio que tive nesse momento tão difícil. Dr. Douglas, em especial, me disse palavras tão lindas que me deram muito conforto. Muito, muito obrigada!

Fiquem bem!
Fiquem com Deus!

 

Kátia Beal

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