Fiz 18 anos no Abrigo, e agora?!?

Você sabia que ao completar 18 anos os adolescentes que estão no acolhimento institucional (“abrigos”) ou em acolhimento familiar precisam sair destes serviços devido à idade?

Temos uma grande carência de políticas públicas no Brasil para estes jovens egressos do acolhimento.  Infelizmente, na maior parte das vezes, não recebem o apoio devido no pós acolhimento.

Nosso sistema preconiza as Repúblicas para amparar este público, mas ainda são muito poucas no Brasil.  O serviço de república deveria ser oferecido ao menos regionalmente, mas ainda estamos longe disso.  O que é uma República?  Uma casa pronta para receber estes jovens, com coordenação e equipe técnica para dar suporte a eles, na minha opinião preferencialmente com o apoio da sociedade.

Você se lembra do Apadrinhamento Afetivo?  Já conversamos aqui sobre este tema.  Então, quando o jovem tem padrinho ou madrinha, já tem uma pessoa de referência.  A equipe técnica vai auxiliá-los em todas as orientações que precisam para viver.  Eles precisam aprender a cuidar de uma casa, a lavar louça, tratar de suas roupas, preparar sua alimentação, fazer compras de supermercados, utilizar o transporte público, escrever um currículo e várias outras coisas que o jovem que cresce em uma família aprende naturalmente na convivência familiar.

Além desta equipe técnica e do padrinho ou madrinha, é importante construir uma rede de apoio a estes jovens.  Eles precisam ter a quem recorrer quando levam um fora da namorada e ficam arrasados, ou quando conseguem o tão sonhado emprego e querem celebrar.  Por isso, quanto mais pessoas se engajam de verdade neste processo, melhor é.  Um pode tocar violão e reunir a turma para uma cantoria, outro gosta de cozinhar e enquanto o faz, vai passando seus conhecimentos adiante.  Assim é a vida em comunidade, não é?  Nos complementamos.

Quando o jovem completa 18 anos no acolhimento e não tem uma rede de apoio sólida, ele fica muito mais vulnerável ao uso de drogas e álcool, à depressão, ideação e tentativas de suicídio.

Como é na sua cidade?  Existem projetos voltados para este público?  Eles tem onde morar ou são deixados à própria sorte?  Possuem uma boa rede de suporte ou acabam voltando para a família que era abusiva com eles por falta de opção?  Este público precisa muito das nossas ações.  Precisamos ser a voz destes adolescentes que falam, mas não conseguem ser ouvidos.  Quiçá sejamos o afeto que, bem no fundo, eles tanto almejam, mas nem acreditam mais que seja possível.  Se nos engajarmos de verdade, acolhendo por inteiro estes jovens, suas histórias, suas dores, suas marcas, podemos cooperar com a transformação de suas vidas e com a construção de um futuro melhor.

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