Por que a geração Z está sofrendo com medo da vida?

Hoje me deparei com uma mãe na porta da escola que estava com o aspecto de muito preocupada. Ao abordá-la, não precisou de muito: já foi falando sobre a preocupação com seus filhos adolescentes.

Disse ela que, seus filhos não desejam sair de casa, que quando pedem ou incentivam a fazer qualquer atividade não o fazem de maneira alguma. Não querem fazer passeios, ir a festas e nem reuniões. Na verdade, ir em nenhum lugar que possui pessoas “diferentes”, ou melhor, desconhecidas. Além da pouca vontade em fazer novas descobertas.

Me veio à mente várias frases que ouvi dos clientes adolescentes durantes as sessões individuais de atendimentos de mentoria e coaching. Tais como:

“Gosto dos meus pais, mas eles não me levam a sério!”

“Tenho muito medo de decepcionar meu pai”,

“Tenho vergonha de ir em tais lugares e ter que conversar com pessoas estranhas”

“Sei que minha mãe só vive naquela casa por minha causa, mas sei que não é feliz”

“Tenho medo de que percebam que não tenho nenhum talento”

“Medo de ninguém gostar de mim”

“Tenho medo de não conseguir fazer as coisas e ganhar dinheiro como meu pai”

“Tenho vergonha de ser eu e não conseguir ser aceito pela galera”

Essas são poucas frases mas que expressam a fragilidade na identidade destes jovens que estão em formação. Lógico que muitas inseguranças e dúvidas são comuns nesse período, mas ainda sim percebe-se o medo pela descoberta do mundo, ou melhor, do que o mundo pode ofertar.

Os jovens de hoje enfrentam grandes desafios. São muitas as ofertas, mas também são enormes as cobranças. A pressão acadêmica, a quantidade excessiva de cursos, as variadas opções de esportes, muitas atividades sociais, a quantidade grande de eletrônicos e redes sociais vão adoecendo esses jovens que possuem uma vida recheada de coisas para fazer e por outro lado, uma pequena fração de tempo para si, para viver momentos.

Percebo que na maioria das vezes são os próprios pais que vão educando seus filhos com a super proteção, desde bebês. Não podem ir brincar na rua, quando vão fazer algum esporte, enchem a criança de proteção, se caem ou se machucam fazem grandes dramas da situação. Isso sem contar as comparações com os outros e com a vida. “Você precisa se preparar”, “ O mundo é cruel”, “Não deixe ninguém te passar”…e por aí vai.

Quero dizer que um crescimento repleto de traumas e comparações não desenvolve a sabedoria, resiliência de um ser humano em formação. Pelo contrário, traz muitas consequências às vezes irreversíveis e adultos infelizes.

Não existe uma geração melhor do que a outra, existe gerações e tempos diferentes. Cada um com seus desafios. Por isso, tenhamos cuidado com o que estamos ensinando. Muitas vezes estamos apenas transmitindo nossos conceitos, posições e limitações. Trata-se de um assunto que traz muitas reflexões.

Precisamos deixar nossos filhos serem eles. Terem suas vontades e percepções. Eles precisam de orientação, companheirismo e amor. Educar não é tarefa fácil. Exige muito preparo de quem o transmite, apesar de que várias vezes também aprendemos juntos. Mas não se esqueça: “O essencial é invisível aos olhos”.