O impacto da mulher na Odontologia

O legado sendo construído através da paixão pela profissão e docência

 

Sou Renata Pereira Georjutti, 39 anos, casada, me formei em 2006 como cirurgiã-dentista na UNITRI-Centro Universitário do Triângulo, em Uberlândia. Filha de uma mulher forte, tive em casa o exemplo de independência e determinação que me inspirou a construir uma história profissional estável como Endodontista, ao mesmo tempo que solidifiquei minha relação pessoal e me tornei mãe de uma menina, Laura. Entendi muito cedo o impacto da representatividade da mulher na minha profissão e assim diminuí os rótulos impostos pela sociedade.  Da mesma forma que um dia fizeram para que eu estivesse aqui livremente, também busco fazer para melhorar o ambiente e oportunidades das gerações que virão.

Após mais de 10 anos atuando como dentista clínica, vi na docência a possibilidade de ampliar meus horizontes e me desafiar a melhorar e crescer.  Assim vieram o mestrado e doutorado, que solidificaram o papel da educação na minha vida, e como professora, me sinto realizada e confortável em participar da formação de homens e mulheres que hoje vivenciam um cenário bem diferente daquele de quando me formei. Enquanto nos anos 60, o Conselho Federal de Odontologia apontava para um público majoritariamente masculino, chegando a 90% dos profissionais no Brasil, hoje somos mais de 70% de mulheres atuando nas mais diversas frentes da saúde e cuidado. É importante que cresçamos não só ouvindo sobre representatividade e igualdade de gênero, mas podendo aplaudir mulheres como referência profissional. Na infância, meu dentista era homem. Fui uma cirurgiã-dentista formada por um quadro docente majoritariamente masculino. Tornei-me dentista e trabalhei ao lado de outros muitos dentistas homens.

Apesar dos atuais 70% representados por mulheres, um número realmente expressivo, a caminhada da mulher na profissão ainda é lenta e pouco reconhecida, mas evolui sempre que uma profissional, mãe, menina, avó desempenha seu papel no mundo com graça, garra e liberdade. Os desafios profissionais em minha jornada foram muitos e evoluíram para a coordenação do curso de odontologia da UNITRI. Apesar da gestão em educação nunca ter sido meu objetivo principal, sinto-me realizada e mais uma vez abrindo portas para as muitas que virão depois de mim.

A Odontologia nem sempre foi “lugar de mulher”. A primeira dentista a conquistar um lugar na Odontologia foi Lucy Beaman Hobbs Taylor (1833-1910), que recebeu o título profissional de Cirurgiã-Dentista nos Estados Unidos em março de 1833, coincidentemente, no mês em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Antes de tentar a Odontologia, ela foi recusada pela faculdade de Medicina de Ohio, justamente por ser mulher. A primeira brasileira a ter um diploma na graduação foi Antonia d’Ávila, que concluiu seu curso no Colégio da Pensilvânia, nos Estados Unidos. E no Brasil, 40 anos depois de Lucy, Isabella Von Sydow se formou no Rio de Janeiro, se tornando a primeira mulher a conquistar o título.

Neste Mês das Mulheres celebro as evoluções que nos trouxeram até aqui. Celebro as muitas mulheres que deram seu nome e suor na construção do meu direito pessoal e profissional. Celebro a diversidade e o direito de escolha de cada um. Celebro a força feminina. Celebro as novas gerações que guiarão minha profissão: mais confiantes, mais empoderadas e mais humanas. Celebro minha oportunidade de fazer parte desse coletivo feminino.

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