Força feminina

Ademir Reis

Jornalista e Diretor de Comunicação Social da Câmara Municipal de Uberlândia

“Ter mulheres no comércio, na indústria, na medicina e na construção do progresso de uma cidade é uma questão de contar com representatividade de uma parcela da população marcada por um passado de discriminações, lutas e dificuldades.”

  

Força feminina

Mulheres mostram a sua importância na sociedade uberlandense

As mulheres participam ativamente do crescimento e desenvolvimento da cidade de Uberlândia, mas houve um momento de retrocessos que comprometeram algumas mudanças culturais conquistadas até o momento e reverberam discursos contrários à equidade de gêneros, além de anular aspectos que destacam a transformação da sociedade.

Não faz tanto tempo que a população vivia em um universo dominado, praticamente, por homens. Qualquer referência à figura feminina era algo impensável. O direito ao voto, ao divórcio e ao trabalho, sem a permissão masculina, não faziam parte da realidade da mulher. Contudo, as mudanças discretas permitiram que algumas alcançassem posições de destaque no mercado de trabalho e na sociedade.

REPRESENTATIVIDADE

A presença feminina em cargos de destaque reforça a representatividade que deve ser vislumbrada pelas crianças na infância. Desde pequenas, precisam compreender que podem ser o que quiserem, e isso começa pelo exemplo.

Com referências femininas e mulheres no poder, crescerão com a certeza de que podem ter o cargo ou função que quiserem, incluindo: cargos públicos, gestão de empresas, canais de comunicação, líderes religiosas e/ou comunitárias.

Além disso, um ambiente diverso vislumbra mais eficiência e inovação, oportuniza mais direitos e tem determinações mais justas. Segundo o relatório Women in Business and Management: the business case for change, empresas com diversidade de gênero obtêm lucros maiores, entre 5 e 20%. Logo, é inegável que as mulheres em cargos de liderança precisam se adaptar continuamente às diferentes situações, lidar com frustrações e atuar com superioridade em muitos ambientes, o que apoia o incremento de habilidades.

ESTRATÉGIA E LIDERANÇA

Apesar de características como objetividade, independência e ambição serem atribuídas exclusivamente ao universo masculino, aos poucos, as mulheres provam que também podem ocupar posições estratégicas e de liderança. Isso porque têm, principalmente, a capacidade de adaptabilidade.

Segundo dados do IBGE para o estudo: Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, as mulheres são mais instruídas em 4,3% em comparação aos homens — e, ainda, precisam ter tempo para estar com a família e cuidar da casa.

Exemplos de grandes mulheres em Uberlândia

Embora as estatísticas demonstrem um cenário desolador, muitas mulheres conquistaram seu lugar no poder com graça, elegância e determinação. Elas se tornaram ótimos exemplos para a sociedade e realizam ações extraordinárias na sociedade. Como, por exemplo:

ELIETE BOUSLEKA

A médica uberlandense de 74 anos tomou posse na presidência da Academia Nacional de Medicina no dia 7 de março de 2024, véspera do Dia Internacional da Mulher. Eliete é especialista em fisiologia cardiovascular e pesquisa clínica, ela é a primeira mulher a presidir o instituto, desde sua fundação em 30 de junho de 1829.

Natural de Uberlândia, mas radicada no Rio de Janeiro desde os 13 anos, sempre foi uma ótima aluna. “Quando eu era jovem, pensei em cursar Direito, porque meu pai era imigrante e na família da minha mãe, a maioria são advogados. Mas depois optei pela Medicina, eu era muito boa aluna em química, física e matemática, e hoje, acho que foi a melhor escolha que fiz”, contou Eliete.

Durante o curso, Eliete enfrentou algumas dúvidas ao ingressar na área e cogitou ser psiquiatra, mas por sempre estar acompanhada de uma curiosidade voraz, começou a fazer pesquisas e não parou mais.

ÂNGELA STECCA

Ângela foi coroada como Miss Uberlândia, Miss Brasil e Miss Mundo em 1968. Quase 60 anos depois de ser eleita a mulher mais bonita do país, ela vive em Raleigh, capital do estado americano da Carolina do Norte, onde é corretora de imóveis.

No final dos anos 60, foi capa das principais revistas da época e frequentou praticamente todos os programas da televisão brasileira no início dos anos 70. Ela também foi a primeira Top Model Internacional enviada por Uberlândia.

Ângela Stecca se tornou uma celebridade em uma época que nem era tão comum o culto às estrelas, e ela conseguiu atrair a atenção da mídia em nível nacional.

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PATRÍCIA BONALDI

Vinda de uma infância humilde, Patrícia sempre gostou de desenhar as próprias roupas e levá-las a uma costureira de confiança. Anos mais tarde, trancou a faculdade de Direito na Universidade Federal de Uberlândia e embarcou para o Japão, com o desejo de fazer com que sua marca de roupas se tornasse conhecida.

Patrícia tinha um projeto de internacionalizar a PatBo, com o foco de que elas fossem vendidas em diferentes pontos de distribuição. Atualmente, a marca tem 250 pontos espalhados em diferentes continentes, que incluem: Bergdorf Goodman, Harrods, Net-a-Porter e Moda Operandi.

Todos os esforços para atrair mais clientes internacionais renderam frutos e, em 2021, Bonaldi apresentou sua primeira coleção em formato físico durante a Semana de Moda de Nova Iorque, além de abrir sua primeira loja no exterior na cidade, localizada no Soho. Um ano depois, o trabalho da uberlandense foi recompensado ao ser convidada a fazer parte do CFDA (Council Of Fashion Designers of America), e entrar para o calendário oficial de desfiles da Semana de Moda de Nova Iorque, organizada pelo CFDA, sendo a primeira estilista brasileira a realizar o feito. Patricia Bonaldi é uma das estilistas mais importantes no cenário nacional.

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KARINA LIMA

Fisioterapeuta, empreendedora e apaixonada pela profissão. Os pais de Karina, José Eduardo Lima e Leda Lima, e a irmã, Kamilla Lima, sempre estiveram ao seu lado, apoiando em todos os projetos, profissionais e pessoais.

Karina trabalha em prol das jogadoras de vôlei da Seleção Brasileira, oferecendo técnicas manuais, principalmente, a Liberação Miofascial. As técnicas são aplicadas com o objetivo de melhorar a dor, aumentar a amplitude de movimento articular, proporcionar um aumento da circulação local e relaxamento dos músculos com contraturas. Além de recuperar e preparar a musculatura para os treinos, em busca de um melhor desempenho dentro de quadra.

Por meio de uma indicação, Karina começou atendendo o Praia Clube, e, através da jogadora Carol (Carolana), seu nome foi levado ao Zé Roberto, atual técnico da Seleção Brasileira de Voleibol Feminino.

Com a seleção, Karina Lima já visitou vários países, como: Alemanha, Holanda e Japão. “Estou muito ansiosa para participar das Olimpíadas, tenho expectativa e confiança a mil. Vamos preparar as atletas da melhor forma possível e se Deus quiser trazer o tão sonhado Ouro Olímpico”, relatou a fisioterapeuta.

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