O desafio das mordidas na escola: entendendo, prevenindo e resolvendo conflitos

 

As mordidas acontecem na escola, principalmente na primeira infância. E essa atitude pode se tornar o terror para pais e professores.

As crianças de até 3 anos frequentemente mordem na escola por uma variedade de razões. Uma delas é a falta de habilidades de comunicação desenvolvidas, o que as leva a expressar frustrações, desejos ou necessidades por meio do comportamento físico. Além disso, nessa fase, elas estão explorando o mundo ao seu redor e aprendendo sobre limites e interações sociais, e morder pode ser uma forma de experimentar e entender as reações dos outros. Essa atitude pode ocorrer como uma forma de defesa, quando os pequenos se sentem ameaçados ou ansiosas em situações de conflito.

É importante que os cuidadores e educadores entendam esses comportamentos como parte do desenvolvimento infantil e busquem estratégias para ensinar habilidades sociais e ajudar as crianças a expressarem suas emoções de forma mais adequada.

Na fase oral do desenvolvimento infantil, que é uma das primeiras etapas descritas pela teoria psicanalítica de Sigmund Freud, as crianças exploram o mundo principalmente através da boca. Isso inclui não apenas a alimentação, mas também a exploração de objetos, a experimentação tátil e, em alguns casos, a expressão de emoções e necessidades através da mordida.

De acordo com Freud, a fase oral ocorre aproximadamente durante os primeiros 18 meses de vida da criança, quando ela está aprendendo a confiar no mundo ao seu redor e a satisfazer suas necessidades básicas, como fome e conforto. Durante essa fase, a boca é a principal zona erógena, e a criança busca prazer e alívio da tensão através da sucção, mastigação e exploração oral.

Assim, as mordidas na escola por crianças de até 3 anos podem ser vistas como uma manifestação dessa fase oral do desenvolvimento. À medida que exploram o ambiente e interagem com outras crianças, elas podem recorrer à mordida como uma forma de expressão, seja por curiosidade, descoberta ou mesmo como uma tentativa de comunicação de suas necessidades emocionais.

É importante que os adultos que cuidam dessas crianças compreendam essa fase do desenvolvimento e adotem abordagens que ajudem a criança a canalizar seus impulsos de forma mais construtiva, ensinando-lhes outras formas de expressar suas emoções e necessidades sem recorrer à mordida.

Existem várias atividades na educação infantil que podem ajudar a evitar as mordidas. Aqui estão algumas sugestões:

  1. Atividades Sensoriais: Ofereça às crianças oportunidades para explorar diferentes texturas, cores e materiais sensoriais, como areia, água, massinha e tecidos. Isso ajuda a canalizar sua energia e curiosidade de forma positiva.
  2. Desenvolvimento do esquema corporal: É muito importante que haja atividades que promovam o desenvolvimento do esquema corporal. Precisamos reforçar com as crianças para que serve cada parte do seu corpo. Por exemplo: a boca serve para comer, conversar e não para morder.
  3. Comunicação Emocional: Ensine as crianças a identificar e expressar suas emoções de maneira adequada. Use histórias, desenhos e conversas para ajudá-las a nomear seus sentimentos e encontrar maneiras saudáveis de lidar com eles.
  4. Modelagem de Comportamento: Os adultos devem servir como modelos de comportamento positivo, demonstrando empatia, paciência e respeito mútuo. Mostre às crianças como se comunicar de maneira não violenta e resolver conflitos de forma construtiva. Família, atenção! Evite brincar de morder sua criança, ela pode se sentir estimulada a fazer o mesmo com os coleguinhas da escola.
  5. Rotinas Estruturadas: Estabeleça rotinas claras e previsíveis na sala de aula, com horários para atividades, lanches e descanso. Isso ajuda as crianças a se sentirem seguras e tranquilas, reduzindo o estresse e a ansiedade que podem levar a comportamentos agressivos.
  6. Atividades de Expressão Artística: Incentive a expressão criativa através da arte, música e dança. Essas atividades permitem que as crianças expressem suas emoções de forma não verbal e desenvolvam habilidades de autoexpressão. Explore os diversos ambientes da escola, para que a criança tenha oportunidade de desestressar e gastar energia.
  7. Reforço Positivo: Reconheça e elogie o comportamento positivo das crianças, destacando suas conquistas e esforços. Isso ajuda a construir autoestima e motivação intrínseca para seguir comportamentos adequados.
  8. Haja preventivamente: Geralmente o professor já sabe quem é a criança que está tendo dificuldades com a questão das mordidas. Portanto, o sinal de alerta para essa criança deve estar sempre ligado. Observe em que situações essa criança utiliza desse comportamento e haja antes dele.
  9. Projetos: Desenvolva projetos intencionais que abordem os assuntos com as crianças. Existem livros de literatura infantil que auxiliam muito nesse processo. Tais como: “A Jacarezinha que mordia – Ludy-livros, Mordida não, Napoleão – Tempo de creche e Morde, não! – Franco editora.
  10. Diálogo aberto com a família: Trabalhe em conjunto com as famílias para identificar as possíveis causas subjacentes do comportamento de morder. Essa atitude pode ser fruto de questões emocionais, necessidades não atendidas, falta de habilidades sociais, entre outros. Ao trabalhar em conjunto com a escola e oferecer apoio consistente e amoroso em casa, os pais podem ajudar a criança a superar o comportamento de morder e desenvolver habilidades sociais e emocionais saudáveis.

Ao implementar essas atividades de forma consistente e adaptada às necessidades individuais das crianças, é possível criar um ambiente educacional mais positivo e colaborativo, que reduza as incidências de mordidas e promova o desenvolvimento saudável das habilidades sociais e emocionais.

2 thoughts on “O desafio das mordidas na escola: entendendo, prevenindo e resolvendo conflitos

    • Thaise Meneguelli Cassette says:

      Tais, esse é um desafio para pais que tem crianças nessa faixa etária. Mas com conhecimento, as coisas vão se tornando mais fáceis de administrar, não é?

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