Papai Noel, me dá uma família?

Este é um dos pedidos que mais mexe com a gente, e é real.  Há vários anos desenvolvemos projetos e confraternizações com crianças que foram “abrigadas”.  A maior parte delas, por sofrer graves violações de direito (violência, abuso, negligência…) através de uma medida protetiva judicial foram retiradas de onde estavam e foram colocadas em uma Instituição de Acolhimento.  Principalmente as que tem mais de 8 anos, vão ficando por lá, e a cada ano que passa a esperança de ter uma família segura para chamar de sua vai perdendo a sua cor.

Por mais que os anos passem, não consigo me acostumar com este pedido nas cartinhas para o Papai Noel.  Eu queria ter o poder de fazer esta mágica e arrumar famílias para todas.  Nos empenhamos diariamente em fazer a nossa parte, mas não é tão simples assim.  Para ir para a adoção a criança ou adolescente precisa estar destituída judicialmente do Poder Familiar.  Isso acontece quando o Poder Judiciário entende que sua família natural ou extensa não tem condições ou interesse em permanecer com ela. O Brasil ainda é lento para proteger suas crianças.  Muitas são acolhidas apenas quando já estão em idade escolar, mas estavam em vulnerabilidade desde sempre.  Precisamos denunciar ao Conselho Tutelar casos de violação de direitos contra a infância e Juventude, e a Rede Protetiva precisa ser eficaz.  Claro que quanto mais velha a criança menores as chances dela ser adotada.  E não podemos colocar esta conta apenas na carteira de quem adota, pois está tudo bem querer adotar uma criança menor.  Cada um precisa compreender do que dá conta e ser muito prudente e cauteloso ao definir o perfil da criança que deseja adotar.

Por outro lado, onde há uma boa preparação aos pais adotivos, oferecendo a oportunidade de conhecerem famílias e crianças reais, o perfil se amplia, e os adotantes se abrem para crianças maiores e adolescentes, grupos de irmãos, adoção interracial, e de crianças com doenças.  Adoção não é para todos, assim como a parentalidade não é para todos, mas sei que há muitas pessoas que tomaram a máxima de que “Adoção é Difícil” como absoluta e não se abrem para esta possibilidade tão real.

Adotar não é tão difícil quanto dizem.  Existem centenas de Grupos de Apoio à Adoção espalhados pelo Brasil prontos para orientar, preparar e apoiar quem deseja saber mais sobre este assunto.  E, além disso, você também pode procurar informações no fórum de sua cidade.  Quer saber mais?  Aí ficam alguns links: https://www.angaad.org.br/portal/, https://www.pontesdeamor.org.br/portal/

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