Ligia Amadio: a primeira regente da Sinfônica de Minas

A maestrina fez um concerto no dia 08/03, Dia Internacional da Mulher, no Grande Teatro do Palácio das Artes, com repertório em homenagem às compositoras. “É uma oportunidade muito linda”, diz ela sobre a nova missão. Pela primeira vez em seus 46 anos, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais terá uma regente titular: Ligia Amadio.

Nascida em São Paulo, Lígia Amado, de 58 anos, assume o lugar de Silvio Viegas, que deixou a orquestra em novembro de 2022. Com carreira internacional, atuou em cerca de 25 países nas Américas, Europa e Ásia. “É uma oportunidade muito linda”, afirma Lígia, ao comentar sua missão como primeira maestrina titular da OSMG. A estreia no Dia Internacional da Mulher tem significado especial para ela. “Acho muito importante ser a primeira, porque abre portas para outras mulheres. Sempre que a mulher é a primeira em algum lugar, significa que vai ter a segunda, terceira e quarta. É importante essa abertura, sou muito honrada de estar neste papel”, diz.

Convite e conquista

Ligia Amadio decidiu não assumir mais o cargo de diretora de orquestra. “Fiz isso durante 30 anos e estou em um momento em que decidi ficar mais com minha família. Mas quando surgiu o convite da Sinfônica de Minas Gerais, me senti muito honrada pelo jeito como me convidaram, como os músicos me colocaram em primeiro lugar, como o presidente da Fundação (Clóvis Salgado) estava muito entusiasmado com meu currículo. Acho muito importante ser a primeira, porque abre portas para outras mulheres. Sempre que a mulher é a primeira em algum lugar, significa que vai ter a segunda, terceira e quarta. É importante essa abertura”, afirmou.

“Eles souberam me conquistar. Vim para cá com muita alegria e disposição, estou encontrando em todos uma receptividade maravilhosa”, revela. A paulista foi regente titular e diretora artística da Filarmônica de Montevidéu, no Uruguai, da Filarmônica de Bogotá, na Colômbia, e da Filarmônica de Mendoza e da Sinfônica da Universidade Nacional de Cuyo, na Argentina.

No Brasil, atuou na Orquestra Sinfônica Nacional, Sinfônica de Campinas e Orquestra Sinfônica da USP (OSUSP). Entre os planos da nova regente está a renovação do público da Sinfônica de Minas. “Que venha muita gente aos concertos e teatros”, diz, prometendo oferecer todo tipo de música: clássica, popular, concertos e óperas.

A temporada de 2023 promete uma agenda cheia. “Teremos concertos no Palácio das Artes, nos parques, alguns no interior do estado. Vamos ter duas óperas, um encontro internacional de bandas que a orquestra vai sediar e o encontro internacional de trompas, além de regentes internacionais e solistas internacionais. Vai ser uma grande temporada.” Ligia Amadio elogia a OSMG e seus músicos. “É uma orquestra muito tradicional, patrimônio cultural e histórico do estado. Quero valorizá-la ainda mais. Gostaria que o mineiro viesse prestigiar a orquestra. Ela existe para o público, o teatro existe para o público. O Palácio das Artes é um dos mais bonitos do Brasil, acessível, o preço dos ingressos é popular”, concluiu.

A maestrina lidera o Movimento Mulheres Regentes, que realizou três simpósios internacionais desde 2016. No momento, organiza a quarta edição, que ocorrerá em Buenos Aires. A discografia de Lígia Amado reúne 11 CDs e cinco DVDs. Ela completou a graduação na Poli-USP e na Unicamp, fez mestrado na Unicamp e doutorado na Unesp, em São Paulo. Também fez cursos de regência orquestral na Áustria, Holanda, Hungria, Itália, República Tcheca, Rússia e Venezuela.

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