Conferência Oceânica da ONU firma acordos históricos pela preservação dos mares

Foto: Paul Hilton / Greenpeace)

Representantes de mais de 140 países se reuniram esta semana na cidade de Nice, no sul da França, para a Conferência Oceânica da ONU, evento que marcou um novo capítulo na luta global pela preservação dos oceanos. Com foco na conservação marinha, combate à poluição e ampliação de áreas protegidas, os acordos firmados ganharam o reconhecimento da comunidade internacional como os mais ambiciosos desde o Acordo de Paris, em 2015.

Segundo reportagem da France 24, a conferência contou com a presença de chefes de Estado, cientistas e líderes de organizações ambientais, incluindo o secretário-geral da ONU, António Guterres, que alertou para o “colapso iminente dos ecossistemas marinhos caso medidas urgentes não sejam adotadas”.

Um dos principais resultados do encontro foi o compromisso de ampliar as áreas marinhas protegidas para pelo menos 30% dos oceanos globais até 2030 — uma meta já conhecida como “30×30”. De acordo com a BBC News, o pacto firmado é considerado vital para a preservação da biodiversidade marinha e para mitigar os impactos da mudança climática, como o aquecimento das águas e a acidificação dos oceanos.

A conferência também avançou em compromissos financeiros. A União Europeia anunciou um fundo de 1 bilhão de euros para apoiar projetos de conservação e recuperação de recifes de corais em regiões tropicais, especialmente no Pacífico Sul e na costa africana. Conforme noticiado pela Deutsche Welle, o financiamento será direcionado tanto para governos quanto para organizações não governamentais e comunidades locais.

Outro tema central foi o combate à poluição por plásticos. Segundo relatório apresentado durante o evento pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), mais de 11 milhões de toneladas de plástico entram nos oceanos todos os anos. Em resposta, diversos países — incluindo França, Canadá e Brasil — anunciaram planos nacionais de eliminação de plásticos de uso único até 2032.

Durante a conferência, o Brasil também se destacou ao reafirmar seu compromisso com o desenvolvimento sustentável da chamada “Amazônia Azul”, termo usado para designar a imensa zona econômica exclusiva marítima do país. Segundo o Le Monde, a delegação brasileira propôs a criação de uma rede latino-americana de proteção de corais e manguezais, com foco na cooperação científica entre países da região.

Embora os acordos não tenham caráter vinculativo, especialistas destacam que o simbolismo político e o alinhamento internacional são passos concretos rumo a políticas mais eficazes e integradas. Para a oceanógrafa e ativista Sylvia Earle, presente no evento, “proteger os oceanos é proteger a base da vida no planeta”.

A próxima edição da Conferência Oceânica da ONU está prevista para 2028, em Cabo Verde, e deverá revisar os avanços das metas estabelecidas em Nice. Até lá, a comunidade internacional terá o desafio de transformar promessas em ações concretas, garantindo um futuro sustentável para os mares — e, por extensão, para a própria humanidade.

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