Quem deve (ou deveria) tratar a Obesidade?

Havia uma pequena vila que, com o passar dos anos, foi lentamente engolida por uma névoa densa e silenciosa que descia da montanha. No início, a névoa parecia inofensiva – apenas uma mudança no ar. Mas, aos poucos, os moradores começaram a perceber que suas forças diminuíam, suas noites se tornavam inquietas e suas rotinas eram marcadas por dores antes desconhecidas.

Os médicos da vila tratavam as consequências – as dores nas articulações, a falta de ar, a pressão que subia sem motivo aparente – mas a névoa continuava lá, crescendo e se espalhando, afetando todos, sem distinção.

Assim é a obesidade. Entre 1990 e 2021, o excesso de peso mais que dobrou no mundo, e estudos recentes apontam que, até 2050, metade dos adultos estará acima do peso. Ela não afeta apenas a quantidade de gordura corporal, mas provoca uma inflamação crônica e sistêmica, que se espalha como essa névoa, atingindo múltiplos órgãos e sistemas do corpo:

1.Inflamação Sistêmica e o Eixo Neuroimune
A obesidade libera uma série de moléculas inflamatórias, como TNF-α, IL-6, IL-1β e MCP-1, que não apenas inflamam o tecido adiposo, mas também afetam o cérebro, os vasos sanguíneos, o fígado e o sistema imunológico. Isso cria um estado constante de inflamação de baixo grau, que contribui para a resistência à insulina e o desenvolvimento de diabetes tipo 2.
2.Desregulação Hormonal e o Efeito no Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal
A obesidade altera a regulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), aumentando os níveis de cortisol, que por sua vez intensificam o acúmulo de gordura visceral e agravam o estado inflamatório. Essa alteração também afeta os ciclos de sono e a saúde mental, promovendo insônia, ansiedade e depressão.
3.Impacto no Sistema Cardiovascular e Inflamação Vascular
A névoa da obesidade atinge diretamente o sistema cardiovascular, provocando disfunção endotelial, endurecimento das artérias (aterosclerose) e aumento da pressão arterial. As partículas inflamatórias produzidas pelo tecido adiposo também contribuem para a formação de placas de gordura nos vasos, aumentando o risco de infarto e AVC.
4.Efeitos no Sistema Respiratório e Apneia do Sono
Como a névoa que se infiltra nas casas, o excesso de peso afeta os músculos respiratórios e as vias aéreas superiores, dificultando a respiração e provocando apneia obstrutiva do sono. Isso não apenas reduz a qualidade do sono, mas também aumenta o risco de hipertensão, doenças cardíacas e morte súbita.
5.Fígado e Esteatose Hepática
O fígado também sofre. A obesidade sobrecarrega esse órgão com ácidos graxos livres e triglicerídeos, levando ao acúmulo de gordura (esteatose hepática) e ao desenvolvimento de esteato-hepatite não alcoólica (NASH), uma condição inflamatória que pode evoluir para cirrose e câncer hepático.
6.Desregulação do Microbioma Intestinal
Como a névoa que afeta o solo da vila, a obesidade altera a composição do microbioma intestinal, reduzindo a diversidade bacteriana e promovendo a proliferação de espécies inflamatórias. Isso não só afeta a digestão, mas também a imunidade, o metabolismo energético e a saúde mental.
7.Desgaste Musculoesquelético e Inflamação Articular
A névoa também afeta os alicerces do corpo – os ossos e articulações. O excesso de peso aumenta a pressão sobre as articulações, provoca desgaste precoce da cartilagem e agrava condições como osteoartrite, lombalgia e gota.

A névoa da obesidade não se limita a um único órgão, mas se espalha por todo o corpo, comprometendo o coração, os pulmões, o fígado, as articulações e até mesmo o cérebro. Por isso, tratar a obesidade não é responsabilidade de uma única especialidade, mas de toda a medicina. Cada médico, independente da sua área, precisa estar preparado para enfrentar essa névoa, porque compreender e combater a obesidade é essencial para restaurar a saúde em todas as suas dimensões.

 

Dr Divino Mamede CRMMG 4347 2    RQE 38338

Emagrecimento, Tratamento da Obesidade e do Lipedema, Terapias Hormonais

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