Instituição apoia famílias e crianças durante o processo de adoção
Com a missão de apoiar e incentivar a adoção legal, promovendo assim a convivência familiar e comunitária, a Pontes do Amor festeja nesse ano 10 anos de luta e persistência.
Criada em 2012 a partir da história de vida de Rodrigo Rangel, Sara Vargas e sua família, a Pontes do Amor hoje é considerada uma OSC (Organização da Sociedade Civil). Atuando em Uberlândia, no Triângulo Mineiro em sintonia com a Rede de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente a instituição também desenvolve formações e compartilha tecnologias sociais à nível nacional e internacional.
A Diretora Técnica da Pontes do Amor, Sara Vargas em entrevista exclusiva à Revista Soberana explicou mais sobre os procedimentos legais de adoção, como funcionam os trâmites e como a instituição hoje sobrevive com eventos solidários e doações. Confira!
Revista Soberana: Como surgiu a ideia de fundar a Pontes do Amor?
Sara Vargas: A Pontes de Amor foi criada em 2012 a partir da história da minha história Sara Vargas, Rodrigo Rangel e família. A Pontes do Amor é considerada uma OSC (Organização da Sociedade Civil). Nossa visão é que toda criança e adolescente se desenvolva integralmente e exerça o direito de crescer no seio de uma família que cuida, nutre, protege e potencializa ao desenvolvimento e à aprendizagem. Dessa forma, apoiamos e incentivamos a adoção legal, assim como a convivência familiar e comunitária, promovendo saúde intra e inter relacional de crianças, adolescentes com suas famílias e com a sociedade.
R.S: Quais são as principais frentes que a Pontes do Amor atua hoje?
S.V: A Pontes de Amor tem como principais objetivos facilitar o desenvolvimento integral da criança/adolescente acolhido, adotado ou reintegrado; apoiar famílias adotivas e pretendentes à adoção para adoções legais, seguras e para sempre; contribuir na construção de senso de identidade, valor e propósito das crianças/adolescentes cooperando com o desenvolvimento de suas habilidades e potencialidades, atendendo a individualidade e necessidades específicas de cada um, em especial dos vulneráveis; preparar e oferecer acompanhamento jurídico e psicossocial às famílias adotivas no pré/pós-adoção; favorecer e promover a convivência familiar e comunitária, empoderando as famílias ao exercício de seus papéis e relações familiares funcionais.
R.S: Como funciona esta rede de apoio a famílias e as crianças?
S.V: A rede de apoio para o pré/pós adoção é feita através de encontros mensais, bem como atendimentos individuais nas áreas de Psicologia, Psicopedagogia, Serviço Social e Jurídica. Do mesmo modo, a Pontes de Amor realiza projetos em prol do desenvolvimento integral da criança e adolescente. Nós trabalhamos em gestão de casos com a Rede de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente; Realizamos e ofertamos cursos de capacitação com institutos internacionais, como o Instituto Karyn Purvis Institute of Child Development, TEXAS, EUA; e The Institute for Human Services (IHS), OHIO, EUA, pautados no desenvolvimento infantil.
Nós também firmamos parceria com a área de educação, em 2021 participamos do projeto de extensão do curso de Direito, do Centro Universitário da UNA em Uberlândia. Sempre com o objetivo de espalhar a cultura da adoção e incentivar que as pessoas tenham atitudes mais adotivas com o próximo.
R.S: Hoje, a Instituição conta com apoio de voluntários?
S.V: Sim, nós contamos com o apoio do voluntariado, inclusive a grande maioria (97%) das pessoas que atuam na Pontes de Amor são voluntários.
R.S: E as entidades públicas, de que forma colaboram para a instituição?
S.V: A Pontes de Amor possui parceria com a Prefeitura Municipal de Uberlândia que colabora comparte do apoio financeiro para dar suporte à comunidade uberlandense no pré e pós adoção. Do mesmo modo, a instituição sempre participou ativamente do Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente de Uberlândia – CMDCA;
Nós também possuímos uma parceira com Vara da Infância e Juventude de Uberlândia, pois ofertamos em conjunto o curso presencial de postulantes à adoção desde 2012, sendo este um pré-requisito obrigatório para a habilitação no sistema nacional de adoção e desenvolvemos vários eventos, congressos e formações em parceria.
Com o advento da pandemia do COVID-19 a Pontes de Amor, juntamente com a ANGAAD (Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção), firmou uma parceria com a Escola Judicial Edésio Fernandes do Tribunal de Justiça de Minas Gerais para a criação de um curso “Preparatório para Postulantes à Adoção” na modalidade a distância (EAD), em 2021 nós tivemos em média 6.280 inscritos, tem sido um sucesso em todo o Brasil, e acabamos de renovar a parceria.
R.S: Quem pode procurar a Pontes do Amor?
S.V: As pessoas que querem conhecer com mais sobre o universo da adoção, bem como as pessoas que querem adotar. Os pais adotivos para participarem do nosso grupo de pós-adoção. As crianças e adolescentes que foram adotados e estão precisando de algum acompanhamento psicológico ou psicopedagógico. Os profissionais do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente para formações.
R.S: Como funciona o processo burocrático para quem deseja adotar uma criança? É demorado?
S.V: Não chamamos de burocracia, pois entendemos que o devido processo legal é importante para prosseguir com a Adoção. O primeiro passo é entrar com o processo de “Habilitação para Adoção”, onde será feito um estudo psicossocial, do mesmo modo deve ser realizado o curso de postulantes para à adoção, caso o pedido de habilitação seja deferido, o casal ou a pessoa que deseja adotar de forma monoparental, será inserido no SNA (Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento), a famosa “fila”.
Em relação à demora, essa resposta é muito relativa, pois depende do perfil que tenha sido cadastrado, temos casos em que o casal recebeu o telefonema para conhecer as crianças no dia seguinte da habilitação, como também conhecemos um casal que aguardou por mais de 9 anos. Por isso eu digo, depende muito do perfil da(s) criança(s) desejada(s).
R.S: Como as mídias auxiliam na propagação do assunto adoção?
S.V: A mídia auxilia muito na divulgação da cultura da adoção, quando abre o espaço para falarmos sobre o processo de adoção, sobre a realidade das crianças e adolescentes acolhidas, sobre entrega legal e outros assuntos relativos ao Direito à Convivência Familiar e Comunitária. Infelizmente ainda há muitos mitos sobre a temática, especialmente, sobre as crianças e adolescentes adotados, ou que ainda estão no acolhimento.
Precisamos romper preconceitos e lutar para que toda a criança e adolescente viva em família, conscientizando as pessoas sobre as crianças reais. Afinal a adoção é voltada prioritariamente para o melhor interesse da criança, e não do adulto adotante. A parceria com os meios de mídia é extremamente importante para as pessoas saberem que na Pontes de Amor podem encontrar respaldo, apoio, orientação e serviços valiosos, tudo de forma profissional, ética, especializada e gratuita.
R.S: Quantas crianças estão disponíveis para adoção hoje?
S.V: Com base nos dados fornecidos pelo CNJ(Conselho Nacional de Justiça) hoje nós temos 3.857 crianças disponíveis para adoção no Brasil.
R.S: Existe um perfil escolhido de criança (idade/cor) pelos pais?
S.V: Sim, quando o pretendente à adoção ingressa com o processo de habilitação dele deve preencher um perfil de criança/adolescente. Ainda há predileção por criança sem irmãos, com menos de 9 anos, saudável.
R.S: De que forma a população pode ajudar a Pontes do Amor?
S.V: As pessoas podem ajudar a Pontes de Amor de diversas maneiras, uma delas é sendo voluntário, outra forma é contribuindo financeiramente ou desenvolvendo parcerias em serviços. Estas ajudas são imprescindíveis para viabilizar os projetos e atendimentos. Atualmente temos uma parceria com a Algar Telecom em que as pessoas podem doar mensalmente para a Pontes de Amor através da conta de telefone. Por fim, mas não menos importante, podem divulgar o nosso trabalho e a espalhar a cultura da adoção.
Média de atendimentos – Pontes do Amor
2015: 6.154 atendimentos
2016: 5.058 atendimentos
2017: 5.303 atendimentos
2018: 4.588 atendimentos
2020: 5.509 atendimentos
2021: 6.280 atendimentos
Jadir Júnior | Redação