
Dra. Patrícia Bertges Pereira Araújo detalha o elo fisiológico entre o emagrecimento rápido e a toxina botulínica, indicando como otimizar o tratamento.
A popularidade dos medicamentos injetáveis para perda de peso, frequentemente chamados de “canetas emagrecedoras” fármacos como a semaglutida e a tirzepatida, tem suscitado um debate crucial no universo da estética: o uso dessas substâncias pode estar encurtando o tempo de ação do tratamento com Botox (toxina botulínica)?
A discussão ganhou tração com a divulgação de umestudo de modelagem computacional publicado em literatura científica, que levantou a hipótese de uma ligação entre os agonistas do receptor GLP-1 e a redução da durabilidade do Botox. A simulação sugere que o efeito médio da aplicação facial, que usualmente alcança cerca de 20 semanas, poderia ser encurtado para, aproximadamente, 16 semanas.
Para entender o panorama completo, a reportagem ouviu a Dra. Patrícia Bertges Pereira Araújo, dentista especialista em Harmonização Facial, Estética Avançada, implantes e ortodontia. Ela detalha o mecanismo por trás do alerta e as estratégias para manter a eficácia estética.

O Mecanismo Fisiológico da Interferência
O principal ponto de impacto, segundo a especialista, reside na velocidade com que o emagrecimento ocorre. As canetas emagrecedoras atuam no sistema endócrino, promovendo uma saciedade intensa e alterando os hormônios do apetite, o que gera uma rápida e significativa perda de peso.
“O estudo, embora baseado em simulação, aponta para uma realidade fisiológica inegável,” afirma Dra. Patrícia Bertges. “O emagrecimento rápido e profundo, induzido por esses medicamentos, provoca uma série de alterações metabólicas e estruturais que afetam a saúde da pele. Notamos uma perda considerável de volume facial e, por vezes, de massa magra. É essa mudança drástica na estrutura de suporte do rosto que impacta o Botox.”
A toxina botulínica age paralisando temporariamente os músculos. Contudo, a perda de peso acelerada introduz fatores que podem diminuir a longevidade do efeito nas terminações nervosas.
“Quando há diminuição rápida de volume e a instalação de flacidez cutânea, a eficácia do Botox pode ser comprometida. A mudança no padrão muscular e na estrutura geral da face dá a sensação de que o efeito se dissipou mais rapidamente, pois a pele não tem a mesma sustentação de antes. O corpo em um estado de metabolismo acelerado responde de forma diferente, e a durabilidade do tratamento pode ser reduzida,” completa a especialista em Harmonização Facial.

A Transparência como Chave e o Tratamento Combinado
Diante do risco de encurtamento do efeito, a Dra. Patrícia Bertges reforça a importância da comunicação e da adoção de um plano de tratamento estratégico.
“É essencial que o paciente informe o profissional sobre o uso de qualquer medicamento para emagrecimento antes da aplicação do Botox,” orienta a Dra. Patrícia. “Essa informação é indispensável para que possamos ajustar a dose da toxina e a técnica de aplicação, e, o mais importante, planejar uma abordagem complementar que garanta o melhor resultado possível.”
Para mitigar a flacidez e a perda de volume que acompanham a redução de peso, a Dra. Patrícia aconselha a combinação de procedimentos para otimizar a firmeza da pele.

“A estética deve sempre caminhar ao lado da saúde. Para compensar as alterações estruturais, recomendamos que o Botox seja associado a tratamentos que estimulem a produção de colágeno e melhorem a qualidade da pele. O uso de bioestimuladores, ultrassom microfocado e outros devices de tecnologia avançada são vitais. Essas técnicas ajudam a pele a se adaptar ao novo contorno facial, garantindo um resultado mais natural e uma durabilidade estendida do tratamento estético.”
A discussão reforça que, no contexto de emagrecimento rápido, a manutenção dos resultados estéticos faciais exige uma estratégia integrada que vá além da aplicação tradicional da toxina botulínica.
