Cyberbullying: as feridas invisíveis da era digital

O cyberbullying é uma das formas mais cruéis de violência silenciosa da atualidade. Escondido atrás de uma tela, quem pratica esse tipo de agressão muitas vezes acredita estar imune às consequências do que faz.

O anonimato, a facilidade de espalhar mensagens e a falta de empatia no ambiente virtual criam um terreno fértil para ataques, humilhações e julgamentos. O agressor, em geral, busca sentir poder, controle ou superioridade, sentimentos que muitas vezes mascaram inseguranças e frustrações não resolvidas.

Por trás de cada comentário maldoso, há quase sempre um desejo inconsciente de se destacar ou de pertencer a um grupo, ainda que isso custe a dor de alguém. O comportamento de quem pratica o cyberbullying revela uma falta profunda de autoconhecimento e de inteligência emocional. A pessoa agride o outro sem perceber que, ao fazer isso, revela muito mais sobre o que falta dentro de si do que sobre quem está do outro lado da tela.

Já quem é vítima desse tipo de ataque carrega um peso emocional imenso. As palavras virtuais, apesar de parecerem “apenas textos”, têm o poder de machucar profundamente. A sensação de impotência, vergonha e isolamento é comum. Muitas vezes, a vítima começa a duvidar de si mesma, perde a confiança nas pessoas e passa a evitar o convívio social, afetando sua autoestima e sua saúde mental.

O mais doloroso é que o cyberbullying não termina quando a tela se apaga. As palavras e imagens compartilhadas se perpetuam, reaparecem e deixam cicatrizes invisíveis que podem durar anos. Por isso, o combate a esse comportamento não se limita a punições; ele exige educação emocional, empatia e diálogo.

No Brasil, o cyberbullying é tratado com a seriedade que merece. A Lei nº 13.185/2015 instituiu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática, que abrange tanto o bullying tradicional quanto o virtual. Além disso, o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) e a Lei Carolina Dieckmann (Lei nº 12.737/2012) preveem punições para quem pratica ofensas, exposição indevida de imagens ou invasão de dispositivos eletrônicos. Dependendo da gravidade, o autor pode responder civil e criminalmente, com penas que incluem multa e até detenção.

Fonte: https://vlvadvogados.com/lei-carolina-dieckmann/

Essas implicações jurídicas mostram que a internet não é um território sem lei. Cada postagem, comentário ou compartilhamento tem responsabilidade legal e emocional. Mais do que temer as punições, é preciso promover a consciência de que respeito também se pratica online. A empatia digital é o novo desafio do século XXI e o primeiro passo para transformar as redes em espaços de convivência mais humana, segura e solidária.

Por trás de cada tela há um coração. Por trás de cada perfil, há uma história. Antes de digitar, é preciso lembrar que palavras têm peso e atravessam distâncias que os olhos não veem. Que cada um de nós escolha ser ponte, e não pedra. Que a humanidade continue sendo o elo mais forte, mesmo em um mundo cada vez mais virtual.

Fonte: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/11/06/senadores-estudam-aprimorar-lei-para-facilitar-identificacao-de-autores-de-cyberbullying

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