Adolescência: um excelente convite à reflexão

Se você ainda não assistiu, assista! Essa é uma das frases mais lidas e escutadas nas últimas semanas. Um alerta disfarçado de ficção que levanta diversos questionamentos sobre a falta de conexão entre as famílias, a masculinidade tóxica, além de bullying e referências distorcidas da sociedade.

Um novo fenômeno da Netflix, a trama britânica conta a história de um adolescente de 13 anos, acusado de assassinar uma colega de escola. A vida da família muda completamente após o personagem principal ser preso logo no início do primeiro episódio.

Com apenas 4 episódios, a série tem despertado muitos debates a cerca de muitos temas sensíveis que no decorrer da história a preocupação maior não é de descobrir quem cometeu o crime, mas os motivos que levaram um jovem a praticar algo tão cruel.

A série foi inspirada pelas crescentes ondas de ódio que se espalham pelo mundo e que a cada dia são cometidas por pessoas mais jovens. No mundo acelerado em que vivemos, a faixa etária de pessoas que cometem crimes a cada ano reduzem, abrangendo cada vez mais jovens e crianças.

A série escancara o que muitas famílias insistem em não ver: a desconexão entre pais e filhos. O silêncio disfarçado de normalidade. O machismo dentro das casas, que insistem em segregar as mulheres e crianças.

Falo mais, sobre a educação. A falência dela. Escolas muito estruturadas e a ausência do objetivo da educação, onde não se respeita a hierarquia, não valorizam a autoridade e importância de um professor e/ou profissional, quanto menos o ensino. A ideia é apenas de se cumprir um protocolo e receber o diploma.

Outro tema abordado, é a “geração do quarto”. Não é porque o jovem está dentro de casa que está seguro. Espaços sociais mal aproveitados. Quartos equipados: mesas, banheiros, computadores. Casas “grandes” e muita segregação é o que temos.

Uma geração que cresce sem saber o que é real, hipnotizadas por estímulos de reconhecimento online. Pouco sabem sobre o que é brincar na rua, jogar uma “pelada”, brincar de bonecas até quase adultos. Vivemos num tempo que as crianças crescem sem ilusões e um despreparo emocional. Desaprenderam a abraçar, dialogar, fazer as refeições juntos. Uma geração superficial e despreparada. Não sabem o que é esperar, valorizar o tempo e o valor das coisas.

Já os mais velhos, digo os pais, estão “correndo” em busca “do que não tiveram”: do dinheiro, do carro, da aposentadoria etc… sempre com o argumento de “dar para meus filhos o que eu não tive”. Uma atualidade de homens desmotivados em seus trabalhos e com nenhuma ambição de vida. Passivos, despreparados, com valores duvidosos, mas quando contrariados, são extremamente explosivos. Uma sociedade que a agressão é alarmante. Nem vamos entrar em assuntos como brigas e feminicídios.

Vou um pouco mais além, as famílias estão desestruturadas. A ausência da figura paterna na constituição familiar, estão em grandes proporções. Famílias em que a mulher é a única provedora e gestoras. Sem referências masculinas, os meninos não possuem referências de admiração por figuras de autoridades como os pais, professores, policiais.

Muitos críticos ao assistirem dizem: “Isto não é algo tão alarmante. É apenas um caso!”. Cuidado! Tendenciamos a normalizar acreditando que são poucos os casos e que não se trata da maioria. Concordo, mas o que acontece é que através das redes sociais, os indivíduos possuem mais acessos a encontrarem pessoas e informações que o ajudaram a praticar crimes. Não existe mais barreiras e limites geográficos.

Por este motivo, vivemos um caos e devemos estar alertas com relação a disponibilizar para nossos filhos precocemente acessos a internet. A maioria das coisas que são expostas “parecem, mas não é”. Internet é de fato o mundo de ninguém!

Essa é apenas uma série que serve para gerar reflexões e trazer mudanças de comportamento.

O mundo lá fora não conseguimos controlar, por isso enquanto pais se questionem se estão envolvidos o suficiente na vida dos seus filhos? Conhece os amigos deles? Estão ensinando o respeito às mulheres e os valores importantes? O que eles veem na família? Estão conversando o suficiente? Estão o ouvindo e dando espaço para se comunicarem? Eles se sentes bem consigo mesmo? Eles se sentes amados e apreciados? E por fim: como suas palavras e gestos estão afetando a autoestima deles?

Cada experiência, cada ensinamento e cada afeto recebido se manifestam nesta fase de descobertas e desafios que é a adolescência. Por isso, semeamos na infância os valores, o respeito e o amor que queremos florescer no futuro. O presente forma o amanhã.

Agora me diga: você assistiu? Me fale!

 

Fonte: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/

1 thoughts on “Adolescência: um excelente convite à reflexão

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *