Thaise Meneguelli
Pedagoga, Pós-graduada em Coordenação Pedagógica e Psicopedagogia Educacional, Clínica e Hospitalar
“Compreender nossa história é fundamental para reconhecer e valorizar o a mulher na educação contemporânea.”
Construindo o futuro
O papel da mulher na educação brasileira e a importância de conhecer nossa história
Ao buscar significado para da palavra “escola”, sua mente projeta imagens de salas de aula mistas, com meninos e meninas, jovens ou adolescentes juntos, aprendendo sobre os mesmos conteúdos, obtendo oportunidades iguais de aprendizagem. Estudantes de todos os sexos se preparando para o futuro, através dos ensinamentos de professores.
Essa nem sempre foi a descrição real de uma escola. A trajetória da educação para o público feminino é algo recente e que ainda há muito o que se conquistar nesse âmbito social.
Por incrível que pareça, a figura da mulher na educação na época do Brasil Colônia era muito diferente e de total desvalor intelectual. As mulheres viviam à margem do processo educacional oficial, o que as deixava à mercê das vontades alheias a todo instante. Seu potencial cognitivo não era levado em conta e elas eram, ainda, limitadas ao ensino catequético oferecido pelas igrejas.
No século XVII, as mulheres participavam apenas das atividades nos conventos, onde eram confinadas a aprender exclusivamente habilidades como: costura, bordado, etiqueta e instrução religiosa. Atividades que as subordinavam e fomentavam apenas o ensino de conteúdos que podiam ser aplicados dentro do próprio lar.
Registros Históricos apontam que: “em 1627, apenas duas mulheres no país sabiam escrever seu próprio nome”. É quase impossível em nossa sociedade globalizada de hoje pensar que esse fato possa ter sido real. Mas essa era a realidade.
Após a Reforma de Pombal, em 1759, as mulheres conquistaram acesso ao ambiente escolar, à medida que a responsabilidade educacional passou para o governo. No entanto, ainda frequentavam salas de aula separadas do gênero oposto.
Um marco significativo ocorreu em 1808, com a chegada da corte portuguesa ao Brasil, quando surgiu um interesse renovado em encorajar a presença feminina nas escolas. Nesse período, os homens, preocupados com a crescente visibilidade de suas esposas na sociedade e temendo constrangimentos, incentivaram a educação feminina, inclusive contratando professoras particulares para instruir mulheres e crianças em casa.
Ao longo dos anos, apesar da longa história de exclusão das mulheres do direito à educação, elas conseguiram romper com o preconceito e alcançar posições notórias por meio da educação. No Brasil atual, esse avanço é notável a partir de dados que evidenciam a crescente participação feminina nas universidades.
Segundo informações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), em 2020, as mulheres representavam cerca de 58,3% do total de estudantes matriculados em cursos de graduação no país.
Esses números refletem não apenas o aumento do acesso das mulheres à educação superior, mas, também, o seu protagonismo na busca por conhecimento e ascensão profissional, quebrando barreiras históricas e contribuindo significativamente para a construção de uma sociedade mais igualitária e inclusiva.
Fonte:
RIBEIRO, Arilda Ines Miranda. “Mulheres Educadas na Colônia”. In: LOPES, Eliane Marta Teixeira; FILHO, Luciano Mendes de Faria; VEIGA, Cynthia Greive (Orgs.). 500 Anos de Educação no Brasil. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2000.