Saúde do coração

Dr. Rodrigo Penha

Cardiologista e hemodinamicista – CEO Clínica Vitis

 

Saúde do coração

Doenças cardiovasculares em mulheres ultrapassam as estatísticas de câncer de mama e de útero

As doenças cardiovasculares presentes nas mulheres matam mais do que todos os tipos de câncer juntos. No Brasil, observa-se aumento da prevalência e de mortalidade por doenças cardiovasculares após a menopausa, o que agrava as perspectivas em futuro próximo pelo envelhecimento e adoecimento da população feminina.

Os principais fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento das doenças são: alimentação inadequada, baixa atividade física, consumo de álcool e tabagismo. Diante disso, é fundamental compreender melhor as disparidades locais na saúde cardiovascular das mulheres para definir políticas públicas e assistência à saúde, reduzir lacunas e promover a equidade de sexo na atenção à saúde brasileira. Faz-se necessária uma mudança de paradigma nas políticas públicas voltadas para a saúde integral das mulheres.

  • Burnout, qualidade de vida e espiritualidade nas mulheres

Burnout associa-se positivamente com o consumo de bebidas alcoólicas, distúrbios do sono, depressão, sedentarismo, obesidade e dores musculoesqueléticas, sendo um preditor significativo de hipercolesterolemia e diabetes tipo 2, relacionando-se com maior incidência de hospitalizações por doenças cardiovasculares.

As condições de trabalho têm impacto conhecido na saúde dos trabalhadores e as mulheres, por estarem mais inseridas no mercado de trabalho e sobrecarregadas com atividade laboral dupla, apresentam altas taxas de burnout.

O curso de vida das mulheres é permeado por experiências de perda, estresse, ansiedade e medo, que aumentam a vulnerabilidade psicológica e facilitam o aparecimento de sintomas de ansiedade-depressão. Entretanto, resiliência, espiritualidade e crenças pessoais parecem desempenhar um papel mediador em algumas dessas variáveis psicológicas, associando-se com melhor qualidade de vida e menor frequência de doenças cardíacas nas mulheres.

  • Prevenção é o mais importante

A falta de prevenção aos fatores de risco modificáveis, como estresse, falta de atividade física, má alimentação, tabagismo e consumo em excesso de bebidas alcoólicas, pode ser uma das causas para o aumento de mortes por doenças cardiovasculares no sexo feminino, inclusive em mulheres mais jovens.

Algumas doenças podem ser diagnosticadas precocemente, por este motivo, é importante ter acompanhamento médico periódico. Testes sanguíneos para verificar taxas de colesterol, nível de glicose, de triglicérides e de vitaminas, são apenas alguns exemplos de exames laboratoriais que o médico pode solicitar. Além desses, o teste ergométrico, ou de esforço, avalia o sistema cardiovascular e traz um panorama completo da saúde do coração. Além do check-up anual, é fundamental também controlar a pressão arterial com uma periodicidade maior, principalmente quando se tem histórico de doenças cardiovasculares na família — para quem é hipertenso, a recomendação é realizar a verificação a cada 3 meses, ou de acordo com a orientação do cardiologista.

A prevenção de doenças cardiovasculares necessitam de sistemas de saúde robustos apoiados por profissionais com conhecimento das especificidades das doenças cardíacas em mulheres, além de esforços coordenados com parcerias produtivas entre a sociedade política, médicos, pesquisadores e a comunidade.

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