Mudar hábitos: por que é tão difícil?

Estudo analisa as características que dificultam o ser humano de lidar com as mudanças

Mudar é essencial para se adaptar a novos cenários, no entanto, essa nem sempre é uma tarefa fácil para a maioria das pessoas.

A revista científica portuguesa Cuadernos de Educación y Desarrollo, publicou, recentemente, uma pesquisa que retrata esse tipo de resistência às mudanças, afirmando que ela pode ter características neurais e não exclusivamente ligadas ao saudosismo.

O estudo “Doenças do lobo frontotemporal: Dificuldades de Aprendizado”, foi realizado por três médicos: Dr. Bora Kostic (cirurgião geral e pesquisador do Centro de Pesquisas e Análises Hieráclito), Dr. Fabiano de Abreu (Pós PhD em Neurociências) e Dr. Luiz Felipe (ortopedista). Na pesquisa, Dr. Bora Kostic explica que os aspectos biológicos podem interferir na compreensão do ser humano, e conclui: “o ser humano, por sua essência, já possui certa dificuldade na assimilação de novas opiniões […], mas, a dificuldade de aceitar uma realidade pode se dar por meio de disfunções.”

Por que mudanças de comportamento podem ser tão difíceis?

A resistência de mudanças na rotina, comportamentos e hábitos podem ser influenciadas por diversos fatores e/ou características, como: a genética, o ambiente e, até mesmo, patologias. “A genética influencia diretamente a habilidade cognitiva do ser humano, mas também podem ser influenciadas por fatores externos como trauma ambiental, problemas no nascimento, deficiências nutricionais e necessidades sociais.”

Na pesquisa, os especialistas alertam sobre o uso excessivo das redes sociais como um risco: “as redes sociais e a internet são de grande impacto na vida cotidiana, onde as pessoas tendem a se tornar dependentes dessas tecnologias para estarem incluídos na sociedade.”

E ressaltam: “memórias já consolidadas podem inferir diretamente sobre a capacidade de aceitação de novas ideias, e doenças instauradas nas regiões frontal e temporal do cérebro podem dificultar a capacidade da pessoa em interpretar interações sociais, vista a atividade neurológica do córtex pré-frontal como as habilidades cognitivas e habilidades de julgamento pertinentes à esta área.”

O impacto de transtornos no controle do comportamento

Apesar da dificuldade em controlar o comportamento e as alterações estarem relacionadas a características do cérebro, alguns transtornos também podem gerar essa dificuldade e alterar a forma como o cérebro interpreta esse tipo de informação.

O lobo frontal é a região cérebro que mais se relaciona ao comportamento e é responsável pelo controle de funções executivas, que envolvem o planejamento, o controle inibitório, a tomada de decisões, a memória de trabalho, entre outras, que também podem ser afetadas por transtornos.

“Eles podem ter um raciocínio emocional, no qual suas decisões e comportamentos são baseados em suas emoções e urgências emocionais. Essas pessoas podem ser extremamente sensíveis à crítica e interpretar qualquer comentário negativo como um ataque pessoal. Além disso, podem ter um comportamento rude, exigente, dependente e ingrato, agindo de forma oposta aos seus sentimentos sensíveis”, conclui Dr. Bora Kostic.

Redação: MF Press Global

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