A cantora do hit “Não Deixe O Samba Morrer”, conta o que o estilo musical representa na vida dela
O Brasil celebra em dezembro o grande gênero musical que contém raízes africanas e representa a rica cultura do país, o samba. Admirado no mundo todo, não há quem fique parado nesse estilo musical que convida o ouvinte a dançar e entoar as canções em alegria.
Uma das responsáveis por representar o samba é a grande rainha Alcione, que dá voz ao hit atemporal “Não Deixe O Samba Morrer”, composição de Aloísio Silva e Edson Conceição. Em entrevista à Revista Soberana, a cantora conta que descobriu o amor pela música ainda pequena, em São Luís, no Maranhão, cidade em que nasceu. “Naquela época, todos ouvíamos rádio e eram as emissoras que determinavam os sucessos. As programações tocavam de tudo: música brasileira, francesa, americana, italiana. Tocavam samba, forró, bolero, não havia essa segmentação atual”.
Com uma família musical, Alcione afirma que nasceu para trabalhar com a música. Ela só não imaginava que a garotinha que adorava cantar e se inspirava em tantos artistas renomados, um dia se tornaria a inspiração, sendo conhecida como a Rainha do Samba. “Minhas irmãs cantam e muitíssimo bem! Meu pai foi maestro da banda militar de São Luís. E como ouvia muito rádio, descobri os grandes artistas brasileiros e ídolos internacionais, as grandes divas do jazz americano”, relembra.
Aos 12 anos, a cantora já mostrava o talento em uma orquestra. Após atingir a maioridade, Alcione chegou a se apresentar na televisão e cantar em alguns bares, mas apenas na década de 70 que ela começou a produzir o primeiro trabalho na música, lançando o álbum “A Voz do Samba”.
“Amo a Música! Principalmente, a nossa porque é rica, pródiga em estilos musicais. Nossa cultura é preciosa, e o samba tem representatividade pelo mundo afora. A imagem do Brasil, no exterior, sempre esteve ligada ao samba e ao futebol. Ser considerada uma das protagonistas desse gênero é uma honra”, afirma Alcione.
Já no primeiro CD, a cantora apostou na canção certa que seria lembrada por várias gerações adiante: “Não Deixe O Samba Morrer”. “Quando ouvi essa música pela primeira vez nem pensei duas vezes, senti que tinha tudo a ver comigo. Foi paixão instantânea! Hoje, é um dos meus maiores hits, e virou uma espécie de hino para os sambistas. Foi uma bênção gravá-la”.
Assim como a música faz parte do DNA de Alcione, ela acredita que o samba também faça parte dela. “O samba está na alma do brasileiro, faz parte da nossa identidade. Tanto, que é quase como um dos símbolos de nossa Nação. E sempre ouvi, desde criança, os grandes mestres, os baluartes do samba. Felizmente, graças à profissão, tive a felicidade de conviver – e de gravar – muitos deles”.
Como uma das representantes do estilo musical, Alcione relembra quem nem sempre o samba é valorizado como deveria, por isso ela sempre faz questão de lembrar o poder e a luz que o gênero carrega.
“O samba sempre foi perseguido, discriminado desde a aparição. Mas sobreviveu e vai sobreviver porque faz parte da nossa cultura, das nossas raízes. Continuará a romper barreiras, extrapolar fundos de quintais. Mas, volta e meia, precisamos lembrar que, como qualquer outro artista, o sambista merece ser tratado com a mesma dignidade com quem os colegas que trafegam em outros estilos são agraciados. Acho que ainda existe um ranço, uma certa discriminação contra alguns profissionais que militam nas áreas mais populares da música”.
Sobre os planos para o futuro, Alcione revela que os fãs podem esperar muitos shows, que precisaram ser paralisados devido a pandemia. “Estou saudosa dos palcos e do público. Felizmente, com a inauguração do segundo “Bar da Alcione”, este agora na zona sul carioca (o primeiro foi na Barra, e está completando um ano de existência) já estou fazendo alguns shows e matando essa saudade… Ano que vem, quando completarei 50 anos de carreira, muita coisa boa irá acontecer”.
Darah Gomes I Redação