O coração dos baixinhos
Cardiopatias congênitas e o Teste do Coraçãozinho
Não é só os adultos que precisam cuidar do coração. Algumas crianças podem desenvolver problemas cardíacos ainda intra-útero e devem receber acompanhamento desde a gestação.
As cardiopatias congênitas são anomalias ocasionadas por defeitos anatômicos do coração ou dos grandes vasos associados, os quais produzem insuficiência circulatória e respiratória dentre outras consequências graves, podendo comprometer a qualidade de vida ou a própria vida do paciente.
A cardiopatia congênita pode surgir nas primeiras oito semanas da gestação, quando se forma o coração do bebê, causando insuficiência circulatória e respiratória, o que pode comprometer a qualidade de vida do paciente.
No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, são dez casos a cada mil nascidos vivos, estimando em 29 mil o número de crianças que nascem com cardiopatia congênita por ano e cerca de 6% delas morrem antes de completar um ano de vida.
As cardiopatias congênitas são a terceira principal causa de mortalidade infantil e por não serem evitáveis, o diagnóstico e o tratamento precoces podem, na maioria dos casos, reverter a doença.
Os sintomas das cardiopatias incluem manifestações clínicas que podem ser verificadas pelo pediatra. Caso o médico identifique alguma alteração nos exames, ele encaminha para avaliação do especialista. Manter o acompanhamento clínico regular é importante para o reconhecimento precoce das doenças.
Teste do coraçãozinho
Incorporado aos testes de triagem em neonatais do Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2014, a Oximetria de Pulso, mais popularmente conhecido como Teste do Coraçãozinho, é um exame simples e capaz de detectar precocemente a hipoxemia que caracteriza as cardiopatias críticas, antecipando as intervenções médicas necessárias e muitas vezes evitando o óbito no primeiro mês de vida. A Oximetria de Pulso não descarta a necessidade e um exame físico minucioso do recém-nascido.
O Teste do Coraçãozinho deve ser feito pelo pediatra, antes da alta hospitalar, entre 24 e 48 horas de vida. Ele é realizado com um aparelho, o oxímetro, que mede a oxigenação do sangue. A saturação do oxigênio deve ser medida no membro superior direito e em um dos membros inferiores do bebê. A aferição deve ser realizada em todos os recém-nascidos. As extremidades da criança devem estar aquecidas e o monitor do oxímetro tem que evidenciar uma onda de traçado homogêneo. Os estudos sugerem que um período de observação entre um e três minutos são suficientes para realização do teste.
A saturação periférica normal deverá ser igual ou maior a 95% em ambas as medidas e a diferença menor que 3% entre elas. Se isso não acontecer, o teste deve ser repetido em uma hora. Caso o resultado se confirme, um ecocardiograma deve ser realizado para descartar a presença de uma cardiopatia na criança.
Atenção aos primeiros 1000 dias de vida
Os primeiros 1000 dias de vida (que incluem os 9 meses da gestação) são fundamentais para a saúde da criança.
Se a mãe tem uma dieta mal balanceada e com alimentos ruins, se ela fuma e consome bebidas alcoólicas, seu corpo se torna um ambiente hostil ao bebê que está se desenvolvendo. Nessas condições, o bebê pode apresentar alterações metabólicas que incluem as cardiopatias congênitas.
Ainda durante a gravidez, o consumo de alimentos ricos em vitaminas e minerais e uma dieta sem restrição de alimentos é fundamental para evitar que o bebê nasça com um metabolismo poupador de energia.
É importante salientar que a amamentação deve ser mantida até, pelo menos, os 2 anos de idade. Mas, após os 6 meses de vida, recomenda-se a introdução de alimentos saudáveis como frutas e vegetais. Antes disso, a amamentação deve ser feita, exclusivamente, com o leite materno.
A infância é o momento ideal para uma pessoa começar a praticar exercícios físicos. A falta desse hábito pode fazer com que a criança se torne um adulto com doenças cardiovasculares. Sedentarismo e má alimentação na infância são condições que tendem a perpetuar hábitos na vida da pessoa.
Consulte seu pediatra
A consulta com o médico pediatra é recomendada já durante a gestação. Nesse período, com um ultrassom fetal o cardiologista pediátrico pode descobrir se há alguma má formação no coração do bebê em desenvolvimento.
Caso o exame não seja realizado, um ecocardiograma pode ser solicitado se o bebê apresentar alguma anomalia cardíaca no Teste do Coraçãozinho que é realizado ao nascimento.
Cada paciente apresenta condições particulares, por isso, não deixe de consultar seu médico. Apenas um profissional qualificado pode diagnosticar e oferecer o melhor tratamento para cada caso.
Cardiologista e Hemodinamicista