“Homens mais saudáveis e emocionalmente equilibrados criarão filhos mais saudáveis e autênticos”
Vivemos em uma época ruidosa quanto às diferenças entre as pessoas e os comportamentos inadequados relacionados a elas. Uma ênfase excessiva nas características masculinas pode provocar muitos desequilíbrios, confusão e sofrimento.
As qualidades ou características dos papéis masculinos são aquelas consideradas apropriadas para um menino, um homem. Traços masculinos incluem coragem, independência e assertividade. Esses atributos são construídos e definidos social e culturalmente nas pessoas e determinados biologicamente.
A sociedade como está constituída, muitas vezes, estimula direta ou indiretamente inúmeros comportamentos preconceituosos aos homens. Entre eles encontramos a ideia de que o homem deve minimizar as emoções e não demonstrar tristeza, medo, ansiedade ou vulnerabilidade emocional, afinal “homem não chora”.
Homem que é homem faz sexo sempre, deve criar oportunidades. Aquele que não o fizer não é “homem com H maiúsculo”, garanhão.Um homem nunca leva desaforo para casa, deve agir de maneira agressiva e competitiva.
Aos homens cabe ter interesses por coisas de homem, como futebol, cerveja e sexo. Não é conveniente que um homem seja amável ou sensível. Interesses que não estejam dentro destes padrões o torna menos homem, características femininas o inferiorizam. Ao homem cabe ser forte e poderoso para conquistar todas as coisas que deseja.
O homem não pode depender de ninguém, deve ser autossuficiente. Cabe aos homens estarem sempre acima das mulheres de sua convivência e exercer domínio sobre os mais fracos. O homem deve sustentar financeiramente sua casa. E deve manter-se distante das tarefas domésticas e filhos.
Uma ênfase excessiva na masculinidade e no poder está muitas vezes associada a um desrespeito pelas consequências e responsabilidades. Trata-se de uma posição da masculinidade definida como violenta, sexual, agressiva e que aumenta o prestigio, é o ideal cultural da masculinidade, onde a força é estimulada, enquanto as emoções não. Sexo e brutalidade são padrões pelos quais os homens são avaliados. Vulnerabilidade emocional e uma sexualidade diferente ou menor são qualidades em que o homem pode perder o poder e prestígio.
Alguns efeitos desta posição machista são a supressão de sentimentos, solidão, encorajamento da violência, falta de incentivo em procurar ajuda, perpetuação da cultura do estupro, homofobia, misoginia, racismo, etc. Essas características são prejudiciais não só para os homens, mas também para as mulheres e para a sociedade como um todo. Essas definições sociais e culturais tendem a satisfazer os costumes de uma sociedade.
Como lidar com este trauma que aprisiona todos nós?
São vários os motivos que produzem este homem estereotipado, mas as pressões sociais e a necessidade de evitar inseguranças, assim como dúvidas relacionadas ao papel de homem surgem como resposta para mascarar a vulnerabilidade e o medo de ser excluído.
Em uma cultura que valoriza esses estereótipos, os homens precisarão de desenvolvimento e maturidade para escapar das pressões dos padrões, além de muita reflexão. Para lidar com esses mandatos eles precisarão aprimorar o conhecimento sobre si mesmos, melhorando a confiança pessoal.
É importante mudar a mentalidade e as atitudes em relação aos homens, fortalecendo as características, as escolhas, as preferências e os desejos.
Homens mais saudáveis e emocionalmente equilibrados criarão filhos mais saudáveis e autênticos.
Dr. Alfredo Demétrio Jorge Neto
Médico psiquiatra e psicoterapeuta
Proprietário da Clínica Vida Medicina e Psicologia