Jejum intermitente: uma ferramenta de e para o sucesso

 

“Falta do sono reparador compromete a cognição, a memória, a atenção, além do controle do humor e da fome.”

O que você tem feito para otimizar sua performance no trabalho e colher melhores resultados? Ao se deparar com essa pergunta, muitos devem incluir nas respostas cursos, leituras e mentorias, o que, obviamente, têm o valor, mas tenho certeza de que uma questão fundamental para o sucesso pessoal e profissional, infelizmente, ainda não faz parte da vida de boa parte dos indivíduos: o cuidado com a saúde.

Diariamente em meu consultório, atendo pacientes exaustos, estressados e desmotivados, que precisam de uma verdadeira transformação em suas vidas para continuarem sendo relevantes em um mercado altamente competitivo. E se você acha que essa é uma realidade apenas do brasileiro, está muito enganado. Com o advento da telemedicina, passei a atender executivos de diversas partes do mundo e todos possuem queixas semelhantes: dificuldade para dormir ou, quando dormem, acordam cansados. Falta do sono reparador compromete a cognição, a memória, a atenção, além do controle do humor e da fome. Tudo isso tem piorados nos últimos meses. Além de uma extensa varredura por meio de exames clínicos, que me ajudam a elaborar o melhor tratamento de forma individualizada, há algo que sempre recomendo: a prática do jejum intermitente.

Como o próprio nome diz, trata-se de um jejum feito de forma intermitente, ou seja, uma parte do tempo o indivíduo fica efetivamente em jejum e no outro período pode ingerir alimentos (janela alimentar). Há diversos protocolos, mas geralmente ele é feito com 14, 16 ou 18 horas de jejum. A prática, que é uma ferramenta alimentar e não uma dieta em si, tem se mostrado bastante eficaz na prevenção e tratamento de diversas doenças como obesidade e diabetes tipo 2. De acordo com estudo publicado em dezembro de 2019 no periódico The New England Journal of Medicine, o jejum intermitente pode desencadear uma mudança metabólica, aumentando a resistência ao estresse e a longevidade, enquanto diminui a incidência de doenças, inclusive, do câncer. Além de atuar na redução do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson, estudos feitos em ratos já mostram o potencial do jejum intermitente em aumentar o crescimento de novos neurônios e proteger o cérebro contra danos, melhorando, assim, a cognição.

O fato é que, para além de auxiliar no emagrecimento, a redução na ingestão de calorias aliada a um estilo alimentar saudável, bem como os períodos de jejum, pode impactar em todo o organismo e, consequentemente, na produtividade. Quando estamos em jejum, o organismo fica em um estado de atenção elevado, além de melhorar o humor e o foco. Ele também se popularizou devido à sua praticidade, já que é algo fácil de encaixar na rotina, permitindo que você pare de contar calorias conforme vai “beliscando” e foque mais no que comer em um ou duas refeições diárias.

Vale destacar, ainda, que de nada adianta praticar o jejum intermitente, mas ter uma alimentação pobre em nutrientes. Se você quer uma vida mais saudável, invista em comida de verdade e evite açúcares, farináceos e ultraprocessados. Essas dicas, aliás, são estratégias que fazem parte de uma técnica chamada biohacking (um movimento que visa unir biologia e tecnologia para melhorar o corpo e a mente).

Então, já sabe, se você quer ser a sua melhor versão, seja na vida pessoal ou no trabalho, invista no jejum intermitente. Somos aquilo que comemos – e, também, aquilo que deixamos de comer!

Referências:

Rafael de Cabo, Ph.D., and Mark P. Mattson, Ph.D. Effects of Intermittent Fasting on Health, Aging, and Disease. December 26, 2019 N Engl J Med 2019; 381:2541-2551 DOI: 10.1056/NEJMra1905136

Lee J, Duan W, Long JM, Ingram DK, Mattson MP. Dietary restriction increases the number of newly generated neural cells, and induces BDNF expression, in the dentate gyrus of rats. J Mol Neurosci. 2000 Oct;15(2):99-108. doi: 10.1385/JMN:15:2:99. PMID: 11220789.

Lee, J., Seroogy, K. B. and Mattson, M. P. (2002). Dietary restriction enhances neurotrophin expression and neurogenesis in the hippocampus of adult mice. Journal of Neurochemistry, 80: 539–547. doi:10.1046/j.0022-3042.2001.00747.x

Dr. Mohamad Barakat (CRM 68874)

Médico e fundador do Instituto Dr. Barakat de Medicina Integrativa

Site oficial: www.drbarakat.com.br

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