Durante muito tempo, acreditamos que bastava criar um bom produto para gerar desejo. Bastava a forma, a cor, o acabamento. Hoje, essa lógica já não se sustenta da mesma maneira. O Pinterest Predicts 2026, relatório construído a partir de bilhões de buscas reais feitas por pessoas no mundo inteiro, apenas confirma algo que já vinha sendo sentido: o desejo mudou de lugar.

As pessoas continuam buscando roupas, imagens e referências, mas o que realmente as move não é mais apenas o objeto final. Elas buscam sentido. Buscam pertencimento. Buscam histórias que conversem com quem elas são ou com quem desejam se tornar.
O produto deixou de ser o ponto final. Ele virou meio. Meio de expressão, de identidade, de posicionamento. Na moda, isso é ainda mais evidente. Uma peça sozinha pode ser bonita, bem-feita, desejável. Mas é a narrativa que a envolve que desperta conexão. É a história que faz alguém parar, olhar com atenção e sentir vontade de fazer parte.

Hoje, o consumidor quer saber de onde vem, como foi feito, quem pensou, por que existe. Quer enxergar valores, processos, escolhas. Quer se reconhecer. Desejo nasce quando existe identificação.
A imagem, nesse contexto, ganha um novo papel. Ela não serve apenas para mostrar, mas para contar. Para provocar. Para criar atmosfera. Não se trata de exagero ou de discurso vazio, mas de coerência. Quando estética, mensagem e prática caminham juntas, o desejo acontece de forma natural.
Vejo muitos projetos excelentes se perderem por acreditarem que o produto fala sozinho. Ele não fala mais. Ele precisa ser apresentado, contextualizado, humanizado. Precisa de uma narrativa que sustente sua existência e dialogue com o tempo em que vivemos.
O que o Pinterest Predicts 2026 revela é, acima de tudo, um convite: olhar para o consumo com mais consciência e intenção. Criar não apenas para vender, mas para comunicar algo verdadeiro. Construir não apenas vitrines, mas histórias que façam sentido.

O futuro do desejo não está apenas no que se vê, mas no que se sente. E isso muda tudo.

