O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no terceiro trimestre de 2025 registrou um resultado modesto, mas a indústria conseguiu manter um crescimento de 0,8%. Este avanço foi sustentado, em grande parte, pelo desempenho notável do setor de construção civil, que cresceu 1,3%, e pelas indústrias extrativas.
A construção civil, que vinha mostrando sinais de recuperação, confirmou sua importância como pilar da indústria. O crescimento de 1,3% no trimestre reflete investimentos contínuos em infraestrutura, projetos imobiliários e, possivelmente, o impacto de políticas públicas de incentivo. Esse resultado foi fundamental para compensar o desempenho mais fraco de outros segmentos manufatureiros, garantindo que o PIB consolidado da indústria não caísse no período.

Além da construção, o crescimento da indústria foi impulsionado pelo bom momento das indústrias extrativas (mineração e petróleo), que seguem beneficiadas pela demanda global e pelos altos preços de commodities.
Apesar do crescimento industrial, o resultado geral do PIB no terceiro trimestre foi recebido com cautela. O governo, através do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), classificou o número como “positivo“, mas reconheceu a clara desaceleração da economia.
O principal motivo para o fraco desempenho geral do PIB reside no setor de Serviços, que detém o maior peso na composição da economia brasileira. O MPO explicou que a desaceleração nos serviços – que engloba comércio, transportes, e serviços prestados às famílias – foi o fator que “puxou para baixo” o ritmo de crescimento.
Essa desaceleração nos serviços é um indicativo de que a política de juros altos (Taxa Selic) e a inflação elevada continuam a frear o consumo das famílias e o ritmo das atividades dependentes da demanda interna.
O crescimento de 0,8% da indústria mascara, portanto, uma economia que perdeu fôlego. Se a construção civil e as extrativas atuaram como âncoras, o setor de serviços sinaliza um arrefecimento que pode se prolongar.
O desafio do governo e do Banco Central agora é encontrar o equilíbrio: permitir que a inflação caia (o que o setor de serviços ajuda a indicar) sem que a economia entre em estagnação ou recessão no próximo ano. O foco para o quarto trimestre e o início do ano seguinte estará na capacidade de reação do setor de serviços frente à possível queda de juros.

