O xadrez do Fed: Trump antecipa a jogada e coloca Jerome Powell em xeque

A declaração de Donald Trump, indicando que já escolheu o seu candidato à presidência do Federal Reserve (Fed), injeta uma dose extra de incerteza política no já volátil cenário econômico global. Se o anúncio for feito até o final do ano, como prometido, será a indicação mais antecipada para o cargo na história moderna da instituição, pressionando diretamente o atual ocupante, Jerome Powell, cujo mandato termina em fevereiro.

Fonte da imagem: Valor Econômico (2025).

A ação de Trump não é apenas sobre nomes; é sobre política monetária. O ex-presidente tem criticado abertamente a postura do Fed, defendendo consistentemente a necessidade de juros mais baixos para impulsionar o crescimento. Ao antecipar sua escolha, ele busca descredibilizar Powell e sinalizar aos mercados uma mudança de rota que, em sua visão, é necessária para competir com potências como a China.

O principal perigo dessa indicação antecipada é o risco à independência do Banco Central. O Fed é a instituição mais crucial para a estabilidade da economia americana e global, e sua credibilidade reside na percepção de que suas decisões são técnicas e não políticas. A nomeação prematura de um sucessor pode ser interpretada como uma tentativa de influenciar as decisões de Powell nos meses finais de seu mandato, gerando instabilidade e especulação desnecessária nos mercados de títulos.

Embora Trump mantenha o nome em segredo, a lista de cotados sugere duas linhas de pensamento:

  1. Linha Hawkish (Juros Altos/Controle da Inflação): Figuras ligadas a uma política monetária mais apertada, buscando a credibilidade de mercado, mas contrariando a agenda populista de Trump.

  2. Linha Dovish (Juros Baixos/Crescimento a Qualquer Custo): Economistas que defendem o afrouxamento monetário para estimular a economia no curto prazo. Esses seriam a escolha mais provável de Trump, mas poderiam assustar os investidores que temem o retorno da inflação.

Seja quem for o escolhido, a antecipação de Trump transforma a chefia do Fed em um peão político antes mesmo da confirmação. A comunidade financeira global espera que o próximo presidente do Fed honre o mandato de combater a inflação e garantir o pleno emprego, e não que sirva a uma agenda eleitoral. Será que a escolha de Trump priorizará o mercado e a estabilidade ou a política e o crescimento de curto prazo? 

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