
O presidente Donald Trump sancionou, nesta semana, o acordo orçamentário que pôs fim ao shutdown de 2025, o segundo mais longo da história recente dos Estados Unidos. A paralisação, que durou 27 dias, havia interrompido parcialmente as atividades de órgãos federais — entre eles, o Serviço de Cidadania e Imigração (USCIS) e o Departamento de Estado, responsáveis pela emissão de vistos, análise de green cards e processos de naturalização.
Durante o período, milhares de imigrantes e solicitantes de vistos enfrentaram atrasos em entrevistas, renovações e aprovações de status migratórios, gerando incertezas sobre prazos e políticas futuras. O episódio reacendeu a preocupação em torno da nova agenda migratória do governo Trump, que vem prometendo “tolerância zero” para irregularidades e maior rigor na triagem de estrangeiros.
Endurecimento de regras e aumento de fiscalizações
Desde o retorno de Trump à Casa Branca, em janeiro de 2025, o país vem adotando medidas mais restritivas em relação à imigração, retomando diretrizes do primeiro mandato e ampliando a verificação de antecedentes, histórico profissional e comportamento online de estrangeiros.
De acordo com dados do Departamento de Estado americano, somente nos primeiros dez meses do atual governo, mais de 95 mil vistos de não imigrante — como os de estudantes, intercambistas e profissionais temporários — foram cancelados ou negados, representando um aumento de quase 30% em relação a 2024.
“Os Estados Unidos estão reforçando a integridade do sistema migratório. Estar aqui é um privilégio que exige respeito às leis e transparência nas intenções de permanência”, afirmou um porta-voz do governo.
A nova política também prevê maior monitoramento das redes sociais de titulares de visto, prática que já havia sido implementada em 2019 e agora voltou com mais força. Perfis com conteúdos considerados “incompatíveis” com os valores do país ou indícios de atividades irregulares têm sido motivo de questionamentos e revisões de status.
Cresce a busca por orientação profissional
Para o advogado e professor de Direito Migratório Vinícius Bicalho, mestre pela Universidade do Sul da Califórnia e membro da American Immigration Lawyers Association (AILA), o cenário atual exige atenção redobrada e planejamento jurídico estratégico.
“Há uma fiscalização mais intensa e subjetiva. Pequenos erros ou inconsistências em formulários, publicações online ou entrevistas consulares podem comprometer um processo inteiro”, explica Bicalho. “É essencial que o imigrante ou solicitante de visto conte com orientação profissional desde o início. Cada detalhe pode ser determinante.”
Segundo ele, a Bicalho Consultoria Legal registrou, em 2025, um aumento de 80% nas consultas sobre vistos e regularização de status, em comparação com o mesmo período do ano anterior. “O interesse em imigrar continua alto, mas o perfil do candidato precisa estar cada vez mais alinhado às exigências legais e técnicas do sistema americano”, acrescenta.
Caminhos ainda abertos para profissionais qualificados
Apesar do endurecimento, os Estados Unidos seguem receptivos a profissionais de alta qualificação e projetos de impacto nacional. O visto EB-2 NIW (National Interest Waiver), que dispensa oferta de emprego para candidatos com formação avançada e contribuição relevante em suas áreas, permanece como um dos meios mais sólidos de acesso à residência permanente.
“O caminho continua aberto para quem agrega valor, inovação e conhecimento ao país”, conclui Bicalho. “O segredo é agir com estratégia, transparência e total conformidade com as leis migratórias americanas.”

