O jogo regional do etanol: preços em queda e o desafio da competitividade

A semana compreendida entre 9 a 15 de novembro trouxe um panorama complexo e altamente regionalizado para o mercado de combustíveis no Brasil. Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram uma notável dispersão: o preço médio do etanol hidratado caiu em 13 estados, mas, subiu em 8, mantendo-se estável no restante das unidades da federação e no Distrito Federal.

Fonte da Imagem: Brasil Postos (2023).

O resultado dessa instabilidade regional é um leve aumento no preço médio nacional, que fechou a semana em R$ 4,29 o litro, alta de 0,23% em relação à semana anterior. Em São Paulo, principal estado produtor e consumidor, o preço médio subiu 0,24% na comparação semanal.

A diferença nos preços estaduais é um reflexo direto de dois fatores principais: a sazonalidade da safra de cana-de-açúcar e os custos logísticos regionais.

  1. Sazonalidade: Nos estados onde a colheita e a moagem da cana estão em pico ou com boa oferta de matéria-prima, a tendência é que o preço do etanol caia.

  2. Logística e Estoques: Nas regiões mais distantes dos grandes centros produtores (especialmente no Nordeste e em algumas áreas do Norte), os custos de frete se tornam mais caros, pressionando o preço para cima. Além disso, a gestão de estoques por parte das distribuidoras tem um impacto imediato, explicando as altas registradas.

O preço do etanol é crucial para o consumidor de veículos flex, pois ele define se vale a pena abastecer com o biocombustível ou com a gasolina. A regra de ouro é que o etanol precisa custar, no máximo, 70% do preço da gasolina para ser economicamente vantajoso.

Com o preço médio nacional a R$ 4,29, o etanol se mantém competitivo em relação à gasolina, mas a dispersão regional cria um dilema para o motorista. Nos estados onde a alta foi significativa, o consumidor é forçado a voltar para a gasolina, diminuindo o consumo do biocombustível.

Para o governo, o cenário é desafiador. A promoção do etanol como combustível limpo e sustentável exige uma política de estabilidade de preços mais eficaz, que minimize as distorções regionais e garanta que a competitividade do produto não seja perdida a cada flutuação de safra ou aumento de frete.

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