Rio de Janeiro vive a operação policial mais letal de sua história

O Rio de Janeiro vive nesta terça-feira, 28 de outubro de 2025, um dos dias mais tensos de sua história recente. Uma mega operação policial envolvendo cerca de 2.500 agentes das forças de segurança foi deflagrada nos Complexos da Penha e do Alemão, na zona norte da capital, com o objetivo de combater a atuação da facção criminosa Comando Vermelho. Segundo informações da Agência Brasil e do jornal El País, o balanço parcial registra ao menos 64 mortos, entre eles quatro agentes de segurança, além de mais de 80 pessoas presas e a apreensão de 75 fuzis, pistolas, granadas e veículos blindados utilizados pelo crime organizado.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, a operação é resultado de meses de investigação e teve como principal motivação conter o avanço territorial do Comando Vermelho e recuperar o controle de áreas dominadas pelo tráfico. A ação também foi uma resposta a recentes ataques contra forças policiais, incluindo o atentado a uma viatura do BOPE, que resultou na morte de dois agentes na semana anterior.

O governador Cláudio Castro afirmou que o Estado “não recuará diante da criminalidade” e confirmou ter solicitado apoio das Forças Armadas para reforçar o patrulhamento em áreas estratégicas. Apesar da justificativa oficial, a operação gerou forte repercussão pública devido ao número elevado de vítimas. Entidades de direitos humanos e lideranças comunitárias cobraram transparência nas investigações e denunciaram o impacto das ações na vida dos moradores, que ficaram presos em casa durante os confrontos.

A CNN Brasil e pesquisadores da Universidade Federal Fluminense classificaram a operação como a mais letal da história do Rio de Janeiro, superando as de 2022 e 2023. Trechos da Linha Amarela e da Avenida Brasil foram interditados após tiroteios e barricadas, e escolas e postos de saúde suspenderam o atendimento. Para milhares de famílias, o medo voltou a fazer parte da rotina.

Mais do que uma ofensiva policial, o episódio reacende o debate sobre a forma como o Estado tem enfrentado o crime organizado. Entre a necessidade de garantir segurança pública e a urgência de preservar vidas, o Rio de Janeiro volta a expor suas feridas mais profundas — aquelas que vão além da violência e atingem diretamente a dignidade e a esperança de seu povo.

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