O câncer é a segunda principal causa de morte no Brasil, ficando atrás apenas das doenças cardiovasculares, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Essas duas condições, altamente prevalentes, tendem a coexistir em um número cada vez maior de pessoas, devido ao envelhecimento da população e ao aumento da sobrevida proporcionado pelos avanços no tratamento oncológico. Nesse cenário, surge com protagonismo a cardio-oncologia, área dedicada a prevenir, identificar e tratar complicações cardíacas decorrentes das terapias contra o câncer.
No Hospital Mater Dei Santa Genoveva, a integração entre cardiologia e oncologia é uma prioridade. O cardiologista Dr. Leandro Garcia explica que o objetivo da especialidade é reduzir riscos e garantir qualidade de vida. “As terapias oncológicas, embora extremamente importantes e necessárias, podem gerar toxicidade cardiovascular. Isso é tão relevante que, hoje, existe a cardio-oncologia, justamente voltada para prevenir, detectar e tratar complicações. A quimioterapia, por exemplo, pode provocar insuficiência cardíaca, disfunção ventricular, hipertensão e até trombose arterial. Já a radioterapia pode lesar estruturas do coração, levando a arritmias e valvopatias”, detalha o especialista.
O desafio da cardiotoxicidade
O tratamento oncológico envolve quimioterápicos potentes, como as antraciclinas, reconhecidos por seu potencial de causar danos ao músculo cardíaco. A radioterapia, quando aplicada na região torácica, também pode comprometer estruturas cardíacas. De acordo com a Sociedade Internacional de Cardio-Oncologia, apenas nos Estados Unidos, cerca de 7 milhões de pacientes já foram tratados com drogas de potencial cardiotóxico.
No Brasil, o tema ganhou força com a publicação da I Diretriz Brasileira de Cardio-Oncologia, resultado de parceria entre a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Esse documento estabelece protocolos para monitorar a saúde cardiovascular de pacientes oncológicos antes, durante e após o tratamento, com foco no diagnóstico precoce e na tomada de decisões terapêuticas compartilhadas.
Integração de cuidados para mais segurança
O Dr. Leandro Garcia ressalta que os fatores de risco cardiovasculares tradicionais – como hipertensão, diabetes, obesidade e dislipidemia – intensificam a vulnerabilidade do coração, frente às agressões da quimioterapia e da radioterapia. “Quando o paciente oncológico já apresenta fatores de risco, pequenas agressões cardíacas podem se tornar grandes problemas clínicos. O acompanhamento integrado ajuda a detectar precocemente alterações, prevenir complicações graves e dar suporte durante todo o processo de tratamento”, explica o médico.
Na prática, a atuação da Cardio-Oncologia contribui para:
Reduzir complicações cardiovasculares associadas às terapias oncológicas.
Permitir diagnóstico precoce de disfunções cardíacas.
Controlar fatores de risco que aumentam a vulnerabilidade do coração.
Apoiar decisões terapêuticas compartilhadas, equilibrando eficácia oncológica e segurança cardíaca.
Melhorar a qualidade de vida durante e após o tratamento.
Um olhar para o futuro da saúde
A área de Cardio-Oncologia já é realidade em centros de referência no mundo e vem se consolidando no Brasil, com a criação de núcleos especializados no acompanhamento de pacientes oncológicos.
Para o Dr. Leandro Garcia, trata-se de um avanço indispensável. “O acompanhamento cardiológico integrado ao tratamento da neoplasia traz benefícios concretos. Não se trata apenas de tratar o câncer, mas de cuidar da pessoa como um todo, garantindo que o coração esteja protegido e que o paciente tenha condições de seguir com seu tratamento oncológico da forma mais segura possível”, reforça.
Compromisso do Hospital Mater Dei Santa Genoveva
O Hospital Mater Dei Santa Genoveva reafirma seu compromisso em oferecer cuidado integral, humanizado e de excelência, investindo na integração de equipes multidisciplinares e em protocolos atualizados de acompanhamento.
A meta é clara: oferecer não apenas o tratamento oncológico mais avançado, mas também garantir que cada paciente tenha suporte completo para preservar sua saúde cardiovascular e sua qualidade de vida.