Alta de 19,3% nas adesões e crescimento de quase 30% no volume de créditos mostram a força da modalidade frente aos juros elevados
Os consórcios ganharam ainda mais espaço no bolso dos brasileiros. Entre janeiro e abril deste ano, foram contabilizadas 1,61 milhão de novas cotas vendidas, resultado que representa uma expansão de 19,3% em comparação ao mesmo período de 2024, segundo levantamento da ABAC (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios).
A alta dos juros e as maiores restrições ao crédito tradicional têm levado muitos consumidores a buscar alternativas de acesso a bens e serviços. Nesse cenário, os consórcios ganham espaço por oferecerem planejamento financeiro, ausência de juros e maior previsibilidade. O modelo, criado no Brasil nos anos 1960, consolidou-se como forma de autofinanciamento coletivo e hoje atende desde a compra de veículos até imóveis, eletroeletrônicos e serviços.
Nos quatro primeiros meses de 2025, o setor movimentou R$ 141,19 bilhões em créditos, quase 30% acima do registrado no mesmo período de 2024. O número de participantes ativos também cresceu: em abril, eram 11,59 milhões de consorciados, avanço de 10,1% em relação ao ano passado.
O desempenho reflete o perfil de consumidores que optam por planejamento e disciplina em vez da urgência do crédito imediato. “A alta dos juros torna o acesso ao crédito tradicional do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), por exemplo, mais restritivo pelo próprio critério de aprovação de crédito, restringindo muito o número de pessoas capazes de financiar. Além disso, com a Selic alta, aumenta a percepção de que o dinheiro investido é a melhor alternativa neste cenário”, afirma Joel Carvalho, especialistas em consórcios e assessor de investimentos da WFlow.
Ainda segundo o especialista, somando estes fatores, além da crescente popularização do consórcio, acontece este efeito de migração para esta linha de crédito moderna e mais barata. “As características do consórcio, como o planejamento e custo barato, fazem com que nestes momentos o interesse aumente”.
CRESCIMENTO POR SEGMENTO E VANTAGENS DO CONSÓRCIO
Entre os segmentos com maior crescimento estão os eletroeletrônicos e outros bens duráveis novos (+119,5%) e o imobiliário (+41%), além de veículos leves, motocicletas e serviços. No total, 607,8 mil consorciados foram contemplados entre janeiro e abril, liberando R$ 39,82 bilhões em créditos que alimentaram cadeias produtivas diversas, de construção civil a indústria automotiva.
Mesmo com o nível de endividamento ainda elevado das famílias brasileiras, a modalidade se beneficia de uma conjuntura de renda em recuperação e maior consciência financeira dos consumidores. A pesquisa mais recente da Kantar, encomendada pela ABAC, mostra que 69% dos entrevistados têm intenção de aderir a um consórcio em 2025, com destaque para imóveis como principal objetivo de compra.
“O consórcio se destaca em relação ao financiamento por não cobrar juros, apenas uma taxa de administração geralmente menor, garantindo menor custo total. Além disso, oferece parcelas mais acessíveis e previsíveis, funcionando como uma poupança programada que ajuda a manter a disciplina financeira”, explica Carvalho.
Nesta modalidade, o crédito é corrigido por índices oficiais, preservando o poder de compra contra a inflação, e pode ser antecipado com lances ou aguardado por sorteio, dando flexibilidade ao participante. Com isso, o consórcio se torna uma ferramenta de planejamento financeiro segura e estratégica. “É o investimento ideal para quem deseja organizar suas finanças com previsibilidade, construir patrimônio e evitar o peso dos juros de um financiamento”.
