A recente notificação dos Estados Unidos, por meio do Departamento do Tesouro, sobre uma investigação acerca da utilização do Pix, o sistema de pagamentos instantâneos do Brasil, trouxe à tona uma discussão complexa e de grande relevância. A investigação americana, revestida de uma preocupação com a lavagem de dinheiro, pode ser resumida em alguns pontos: motivações comerciais (devido a rivalidade com o WhatsApp Pay, da empresa Meta), a concorrência direta no campo das inovações financeiras (FedNow lançado em 2023 com funcionalidades semelhantes ao PIX, mas sem a ampla aceitação da população) e a defesa do dólar como moeda principal no cenário global.
O Brasil, de forma oficial, protocolou nesta segunda-feira (18/08) uma resposta oficial se posicionando e reforçando a segurança e a rastreabilidade do PIX. Essa resposta, pautada em dados e na transparência do Banco Central, é fundamental para desmistificar a percepção de fragilidade do sistema. Um dos pontos de destaque utilizado pela defesa brasileira é a demonstração de que as ferramentas de combate a crimes financeiros estão integradas e em constante aprimoramento, permitindo que as autoridades consigam rastrear e coibir atividades ilícitas, seja no Pix ou em qualquer outra plataforma. Além disso, foi declarado que as políticas e as práticas comerciais brasileiras são justas, equitativas, não discriminam outros meios de pagamento no mercado brasileiro e seguem as normas do sistema multilateral do comércio. O chefe da diplomacia brasileira, Mauro Vieira, destacou que, apesar das divergências existentes, o intuito é que seja mantida uma boa relação entre os dois países, que compartilham mais de dois séculos de relações diplomáticas.
O que temos de fato é que a adoção do Pix foi uma revolução, que promoveu a inclusão e a eficiência em transações financeiras. Sanções diretas, como o tarifaço de 50% imposto sobre parte das exportações do país para a economia estadunidense, impactam diretamente milhares de brasileiros. No cenário externo, pode afastar investimentos, desvalorizar a nossa moeda, além de encarecer ou dificultar as transações comerciais, afetando exportações e importações. No cenário interno, apesar da ampla aceitação do PIX, a confiança no sistema bancário pode ser abalada, levando a uma retração do crédito e a um aumento da insegurança econômica.
Nesse sentido, a resposta brasileira deve ser robusta e pragmática a fim de manter o relacionamento com a economia norte americana e ao mesmo tempo demonstrar que o PIX, é um meio de pagamento seguro e que beneficia a sociedade como um todo. Mas e o que fazer para além da negociação com os Estados Unidos? É importante que o Brasil aproveite o momento para fortalecer suas relações comerciais com outras economias a fim de fortalecer a posição brasileira no cenário global e explorar alternativas de diversificação de moedas em transações internacionais. Além disso, a promoção de reformas estruturais, para melhorar o ambiente de negócios e ajudar no desenvolvimento e maturidade de empresas brasileiras, também se torna primordial, no longo prazo.