A cantora, atriz, apresentadora e empresária Preta Gil morreu no sábado, 20 de julho de 2025, aos 50 anos, em Nova York, após complicações decorrentes de um câncer colorretal. Ela estava em tratamento nos Estados Unidos desde o início do ano e havia sido internada dias antes da morte, durante o processo de repatriação ao Brasil. A informação foi confirmada pela família e por representantes da artista.
Preta Gil foi diagnosticada com adenocarcinoma colorretal em janeiro de 2023. Após iniciar tratamento no Brasil, com quimioterapia, radioterapia e cirurgia no Hospital Sírio-Libanês, a doença entrou em remissão, mas retornou em 2024 com metástases no peritônio, ureter e linfonodos. Nos últimos meses, ela passou a buscar terapias experimentais fora do país. O falecimento gerou repercussão entre autoridades, artistas e lideranças políticas. O Ministério da Cultura destacou sua relevância como símbolo da cultura brasileira contemporânea e sua postura firme contra o preconceito.
Nascida em 8 de agosto de 1974 no Rio de Janeiro, Preta Maria Gadelha Gil Moreira era filha do cantor Gilberto Gil e sobrinha de Caetano Veloso. Desde a juventude esteve inserida no ambiente artístico, trabalhando inicialmente como produtora de shows e diretora de videoclipes. Sua estreia como cantora solo aconteceu em 2003, com o álbum Prêt-à Porter, que gerou polêmica devido à capa em que aparecia nua, coberta por fitas do Senhor do Bonfim. O disco trazia composições de Ana Carolina e Totonho Villeroy e marcou o início de sua trajetória como intérprete de canções pop e de forte conteúdo autoral.
Nos anos seguintes, Preta lançou diversos álbuns, como Preta (2005), Sou Como Sou (2012) e Todas as Cores (2017), misturando gêneros como axé, samba, funk e música eletrônica. Gravou ao lado de nomes como Pabllo Vittar, Marília Mendonça, Lulu Santos e Gal Costa. No carnaval, fundou em 2009 o Bloco da Preta, que se tornou um dos maiores do Rio de Janeiro, atraindo milhares de foliões anualmente.
Paralelamente à carreira musical, atuou em novelas da TV Globo e da Record, como Agora É Que São Elas e Os Mutantes, além de comandar programas como Caixa Preta. Em 2017, fundou a Mynd, uma das maiores agências brasileiras voltadas ao marketing de influência e à gestão de carreiras de criadores digitais.
Preta Gil também se destacou como ativista. Assumidamente bissexual e pansexual, tornou-se referência em discussões sobre diversidade, imagem corporal, empoderamento feminino e representatividade negra. Em diversas entrevistas, declarou que se recusava a usar filtros de imagem e cobrava mais autenticidade no ambiente digital.
Segundo reportagens publicadas pela Folha de S.Paulo, O Tempo, IG, JC Online e Painel Político, a trajetória de Preta Gil é considerada um marco de resistência, inovação e protagonismo na música e na cultura brasileira. Sua morte encerra um ciclo de mais de duas décadas de contribuições artísticas e sociais, deixando legado reconhecido por sua autenticidade e impacto cultural.