O estado do Texas enfrenta uma de suas piores tragédias naturais dos últimos anos. Desde o dia 4 de julho de 2025, fortes chuvas atingiram a região central do estado, provocando a cheia do rio Guadalupe e deixando um rastro de destruição e morte. Até esta terça-feira (8), autoridades confirmam 108 mortes e dezenas de desaparecidos.
Segundo a Reuters, as chuvas que caíram entre os dias 3 e 5 de julho foram classificadas como atípicas e intensas, com acumulados acima de 250 mm em menos de 48 horas em algumas regiões. O transbordamento do rio Guadalupe surpreendeu moradores, turistas e acampamentos, gerando uma força devastadora que varreu estruturas e veículos com facilidade.
Um dos episódios mais dramáticos ocorreu no Camp Mystic, tradicional acampamento cristão de férias para meninas, localizado em Kerr County. Na madrugada do dia 5, uma enxurrada atingiu o local enquanto as crianças dormiam. Segundo relatos de socorristas e familiares, os alojamentos foram tomados pela água em minutos. Até o momento, 27 corpos foram encontrados no local, incluindo monitores e adolescentes. Pelo menos 10 pessoas seguem desaparecidas.
A situação em Kerr County é crítica. As autoridades confirmaram a morte de 84 pessoas apenas nesse condado, e outras 12 em cidades vizinhas, como Fredericksburg e Hunt, somando mais de 106 vítimas fatais até a manhã de 8 de julho.
O governador do Texas decretou estado de emergência no sábado (6). Desde então, equipes da Guarda Nacional, voluntários e forças de resgate trabalham em ritmo ininterrupto. A operação é dificultada por novos episódios de chuva, terreno instável e até a colisão de um drone com um helicóptero de resgate no domingo (7 de julho), forçando um pouso de emergência.
De acordo com a Reuters, parte da população não foi alertada a tempo. Muitos municípios da região afetada não possuem sirenes ou sistemas automáticos de alerta para inundações. O vice-governador declarou que o estado financiará a instalação de sirenes nas cidades que ainda não contam com o recurso.
Além da tragédia humana, os prejuízos materiais são imensos. Estima-se que os danos possam ultrapassar US$ 20 bilhões, com centenas de casas destruídas, pontes levadas pelas águas e milhares de pessoas desalojadas.
Meteorologistas e especialistas ambientais apontam que o evento está ligado ao aumento da frequência de fenômenos extremos associados às mudanças climáticas. A temperatura do Golfo do México, acima da média para esta época do ano, teria potencializado o volume das tempestades.
O Texas, novamente, se vê diante de uma realidade dura e urgente: a necessidade de repensar políticas públicas de prevenção e resposta a desastres naturais. Enquanto isso, famílias esperam por respostas e consolo diante de uma dor que marcará este mês de julho para sempre.