Guerra na Ucrânia se intensifica com bombardeios em Kiev e nova ofensiva russa no leste do país

Metin Aktas/Anadolu Agency via Getty Images

A guerra na Ucrânia, que se aproxima do fim de seu terceiro ano completo, entrou em mais um capítulo de alta intensidade militar, marcado por bombardeios devastadores, movimentações estratégicas no leste do país e reações da comunidade internacional. Entre os dias 16 e 17 de junho de 2025, a capital Kiev e outras regiões ucranianas foram alvos de uma das maiores ofensivas aéreas russas desde o início da invasão em fevereiro de 2022.

Na noite de 16 de junho, a Rússia lançou uma ofensiva com mais de 440 drones explosivos e 32 mísseis de longo alcance contra áreas civis da capital ucraniana. Segundo reportagem da Associated Press, o ataque atingiu diretamente um edifício residencial de nove andares e outras estruturas em Kiev, deixando 15 mortos e 156 feridos, sendo considerado o mais letal em 2025 na capital ucraniana. As sirenes de ataque aéreo soaram por mais de quatro horas, e os danos se estenderam também a instalações hospitalares.

Horas depois, na madrugada de 17 de junho, outro ataque foi lançado contra Kiev, Odessa e Mykolaiv, utilizando drones iranianos Shahed e mísseis balísticos Iskander. De acordo com o The Washington Post, 16 pessoas morreram, incluindo um cidadão norte-americano, e ao menos 117 ficaram feridas. O sistema de defesa aérea da Ucrânia conseguiu interceptar parte dos projéteis, mas diversos alvos civis foram atingidos, ampliando a sensação de insegurança mesmo nas regiões mais afastadas da linha de frente.

Enquanto isso, as tropas russas intensificaram seus avanços na região leste, particularmente nos oblasts de Sumy, Kupiansk e Donetsk. Segundo análise do Institute for the Study of War (ISW), Moscou redirecionou forças da Crimeia e de Kherson para reforçar o front em Kupiansk, visando cortar linhas logísticas e cercar forças ucranianas no setor norte. Os combates se intensificaram nos arredores de Tonenke e Andriivka, onde as tropas russas conquistaram posições táticas importantes desde o final de maio.

No plano diplomático, a guerra também repercutiu na cúpula do G7, realizada no Canadá. Em 17 de junho, o Reino Unido anunciou uma nova rodada de sanções contra a Rússia, com foco nas exportações de petróleo e gás, numa tentativa de sufocar as receitas do Kremlin. Segundo reportagem da Reuters, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer defendeu que “a pressão econômica é uma das únicas formas de deter o avanço de Putin sem envolvimento direto de tropas da OTAN”.

Do lado ucraniano, o presidente Volodymyr Zelensky voltou a pedir reforço militar ao Ocidente, incluindo mais sistemas antiaéreos e armamentos de longo alcance. Em pronunciamento durante a cúpula, Zelensky reiterou que a Ucrânia continuará resistindo “com ou sem apoio direto” e estimou que a Rússia já perdeu entre 300 mil e 350 mil soldados desde o início da guerra — sendo 150 mil somente em 2024. Os dados foram corroborados por estimativas do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), que aponta até meio milhão de baixas russas, entre mortos e feridos, até o primeiro semestre de 2025.

A situação econômica da Ucrânia, apesar das dificuldades, mantém um certo grau de estabilidade. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país ainda pode registrar crescimento econômico moderado mesmo sob o conflito. O FMI projeta que a guerra pode se estender até o final de 2025, ou, em um cenário mais pessimista, até meados de 2026.

A comunidade internacional segue dividida entre apoio logístico, diplomático e financeiro à Ucrânia e a tentativa de evitar um confronto direto com a Rússia. Os Estados Unidos, que recentemente aprovaram mais um pacote de ajuda militar, têm evitado enviar tropas, enquanto a União Europeia discute um fundo conjunto de defesa para apoio contínuo à Ucrânia até 2026.

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