Conflito entre Israel e Irã se intensifica e levanta temores globais

 REUTERS/Firas Makdesi

O confronto entre Israel e Irã, que se arrasta há décadas nos bastidores da política e da segurança do Oriente Médio, atingiu seu ponto mais crítico em junho de 2025. Desde a última quinta-feira (13), os dois países vêm trocando ataques diretos — marcando a primeira vez que entram em conflito militar aberto. O episódio reacende temores de uma escalada regional e até de uma guerra nuclear, segundo alertas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Segundo reportagem do The Guardian (16/06/2025), Israel lançou a chamada “Operação Rising Lion”, com mais de 200 aviões bombardeando cerca de 100 alvos estratégicos em cidades como Teerã, Natanz, Tabriz e Quds. Os ataques atingiram instalações nucleares, laboratórios militares, refinarias e armazéns de combustível. O Irã confirmou que 224 pessoas morreram, incluindo cientistas ligados ao programa nuclear e oficiais da Guarda Revolucionária.

O Irã reagiu com ataques de mísseis balísticos e drones contra cidades israelenses como Tel Aviv e Haifa. Segundo o New York Post, ao menos 24 israelenses morreram, e partes do prédio do consulado norte-americano foram danificadas. Ainda de acordo com o jornal, Israel respondeu com novas ofensivas, incluindo uma ordem de evacuação em partes de Teerã, alertando para mais ataques aéreos.

O pano de fundo dessa tensão é complexo. Desde a Revolução Islâmica de 1979, o Irã passou a tratar Israel como um “inimigo sionista”, negando sua legitimidade como Estado. Israel, por sua vez, considera o Irã uma ameaça existencial, sobretudo após os avanços do programa nuclear iraniano. Segundo análise do News.com.au, o Irã já acumula cerca de 400 kg de urânio enriquecido a 60%, e poderia atingir grau militar (acima de 90%) em poucas semanas, caso decida construir uma bomba atômica.

Essa possibilidade levou Israel a intensificar operações de sabotagem contra o programa nuclear do Irã nos últimos anos — agora substituídas por ataques declarados. De acordo com o Times of India, bases e centros de comando foram totalmente destruídos, e Israel afirma ter neutralizado 30% da capacidade ofensiva iraniana.

Enquanto isso, a diplomacia internacional entra em colapso. O Barron’s informou que o Irã suspendeu oficialmente as negociações nucleares com os Estados Unidos, que estavam previstas para ocorrer em Mascate (Omã), e ameaça abandonar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), medida que aumentaria o risco de um desenvolvimento acelerado de armas atômicas.

A situação também gerou divisões entre aliados. Como mostra o Washington Post, o ex-presidente dos EUA Donald Trump defendeu que o Irã ainda poderia ser persuadido a voltar à mesa de negociação, mas o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu descartou a via diplomática, afirmando que a operação militar era “o início do fim da ameaça iraniana”.

Diante da instabilidade, a AIEA emitiu comunicado alertando para riscos de contaminação radioativa em zonas civis e instou ambos os países a retomarem o diálogo. Analistas de defesa, no entanto, indicam que o cenário atual é de risco médio de escalada nuclear, caso novas instalações sejam atacadas ou se o Irã declarar emergência nacional para acelerar a produção de ogivas.

Enquanto o mundo assiste apreensivo, cresce o temor de que essa guerra não se restrinja a Israel e Irã. Síria, Líbano, Arábia Saudita e até grandes potências como EUA, Rússia e China podem ser arrastados para um conflito de proporções globais.

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