Assassinato em escola de Uberaba: polícia descarta bullying e confirma inveja como motivação

Na manhã desta terça-feira (20), autoridades de Uberaba (MG) realizaram uma coletiva de imprensa para atualizar o andamento das investigações sobre o brutal assassinato de Melissa Campos, 14 anos, dentro de uma escola particular da cidade. De acordo com as informações apuradas, o crime foi premeditado por dois adolescentes de 14 anos, que seguem internados em uma unidade socioeducativa em Araxá.

As forças de segurança confirmaram que a motivação foi inveja, e não bullying, como chegou a ser cogitado nos primeiros momentos após o crime. A escolha da vítima teria sido deliberada, feita no próprio dia da ação, e não foi influenciada por organizações externas nem por um suposto terceiro envolvido, hipótese agora oficialmente descartada.

Segundo o delegado Cyro Outeiro, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), “os adolescentes planejaram tudo sozinhos. Não existe qualquer evidência de articulação com outros indivíduos ou com grupos organizados”. O delegado ainda explicou que, após o ataque com uma tesoura, o executor deixou a sala tranquilamente, enquanto o segundo envolvido o acompanhava — algo que mais tarde se confirmou como parte de um plano de fuga.

Durante os esclarecimentos à imprensa, o promotor André Tuma, do Ministério Público de Uberaba, ressaltou que Melissa era uma jovem sem conflitos na escola. “Ela mantinha boas relações com todos, era uma aluna exemplar e participava ativamente da comunidade escolar e religiosa”, declarou.

Em depoimentos informais, um dos adolescentes afirmou que “sentia inveja da alegria que ela representava”, revelando o caráter profundamente pessoal e emocional da motivação. Os envolvidos, no entanto, optaram por permanecer em silêncio nos depoimentos oficiais, não demonstrando qualquer sinal de arrependimento ou emoção, conforme relatado por investigadores.

O caso, que causou comoção em todo o país, segue em trâmite judicial. A pena máxima prevista para os adolescentes, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é de três anos de internação. A sentença deve ser proferida em até 45 dias.

De acordo com reportagem do JM Online, o caderno encontrado com um dos adolescentes continha textos poéticos e listas, mas nada que configurasse práticas de seitas ou envolvimento com extremismo. A coordenadora regional das Promotorias da Infância e Juventude do Triângulo Mineiro, Fernanda Fiorati, explicou que não há elementos que indiquem outras vítimas em potencial ou planos de atentado coletivo.

Ainda segundo os promotores, as suposições que circularam sobre neurodivergência ou adoção do autor são completamente infundadas. O jovem em questão era considerado inteligente, com desempenho escolar excelente e nenhuma condição clínica registrada.

A promotoria também isentou a escola de responsabilidade direta pelo crime. “Foi um ato pontual, executado em sala de aula, de forma planejada. Não houve falha institucional”, afirmaram. A promotora Fernanda Fiorati aproveitou para fazer um apelo às famílias, alertando para a importância da vigilância parental: “Pais precisam estar atentos. Ver o que os filhos estão lendo, escrevendo, com quem se relacionam. Conhecer seus filhos é fundamental para perceber qualquer mudança de comportamento”.

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