Filmado em Uberlândia, “Big Bang”, de Carlos Segundo, premiado em festivais nacionais e internacionais comprova a qualidade do audiovisual no interior do País
O Festival Ibero-americano de Cinema realizado entre os dias 9 e 15 de novembro deste ano em Fortaleza-Ceará, promoveu uma homenagem ao filme Big Bang que no ano de 2023 e 2024 destacou-se como um dos melhores filmes brasileiros em rota nacional e internacional.
No ano de 2023 o filme angariou os prêmios de maior destaque do cinema como Melhor Filme na categoria “Corti d’autore” (Curta de Autor) do Festival Internacional de Cinema de Locarno na Suíça; Melhor Curta-metragem na Mostra Competitiva Brasileira e Prêmio Canal Brasil de Curtas no 32° Cine Ceará.
A atriz Aryadne Amâncio, Mulher Soberana, recebeu a homenagem em nome de toda a equipe do filme e do diretor Carlos Segundo pelas mãos do governador do Ceará, Elmano de Freitas.
Reconhecimento
As personagens coadjuvantes só aparecem da cintura para baixo, exceto Marta, interpretada por Aryadne Amâncio (Mulher Soberana), atriz uberlandense. Ela se agacha e conversa com Chico em um corredor de posto de saúde; a câmera parada abre o campo para a excelente atuação dos atores.
Confira o depoimento de Aryadne Amância, em entrevista à Revista Soberana, sobre a importância desse momento na vida dela:
“O Filme Big Bang foi uma grata experiência na minha vida, estava na campanha do filme “Valentina” do nosso saudoso diretor Cássio Pereira dos Santos, no qual também participei como atriz, e recebi o convite do diretor Carlos Segundo para analisar o roteiro. Amei o projeto assim que li, envolvente, inteligente, emocionante e com um humor apurado e sagaz.
Minha carreira no audiovisual começou a ter mais volume na área de cinema a partir de 2018, antes eram trabalhos mais esparsos e com maior atuação na área de produção de vídeos para a área institucional ou comercial. A partir daí, foram 5 filmes, um atrás do outro e já me preparo para o sexto esse ano.
Em “Big Bang” gravamos as cenas em Uberlândia, tive o feliz encontro e parceria de cena com o ator Giovanni Venturini, que interpreta o personagem Chico. Um ator formidável, com um trabalho consistente na cena teatral e audiovisual.
O filme ganhou potência significativa ao revelar por meio de duas figuras, extremamente vulnerável na nossa sociedade pela discriminação, um homem com nanismo e uma mulher negra periférica, um ato de levante simbólico. Junto à personagem Marta, a qual eu interpreto, acredita que Chico, percebeu-se no mundo não mais sozinho na sua íntima solidão e invisibilidade.
Uma obra feita com consciência e delicadeza pelo renomado diretor de cinema e professor de Audiovisual da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Carlos Segundo, uberlandense, que em 2024 foi convidado para ser um dos oito brasileiros a integrar a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos para ajudar a escolher os indicados a maior premiação de cinema do mundo, o Oscar.
Uberlândia – Celeiro de Artistas
Uberlândia, como poucos conhecem, é um celeiro de artistas com destaques nacionais e internacionais, firmando-se pouco a pouco como local de produção audiovisual nacional. Por isso, as oportunidades se abrem a nós artistas do interior, aqueles que por escolha decidimos fazer o cenário cultural acontecer fora dos grandes eixos de produção cultural do país.
As pessoas me interpelam sempre da minha postura tranquila, simples e discreta, mesmo com um trabalho relevante no cenário cultural. Imaginam o artista como as personalidades cheias de glamour e ostentação vistam na televisão. Mas isso é um pensamento errôneo, somos pessoas comuns com um trabalho, diríamos, incomum. A “mágica” acontece nos sets, nos palcos, depois de muito estudo e trabalho conjunto, temos que estar preparados para os vários estímulos que nos são feitos, pelo diretor, pela equipe técnica e artística, pelos nossos companheiros de cena, pelo texto. É um verdadeiro caos, organizado e minuciosamente preparado, mas você tem que estar preparado para isso, e não é fácil.
As pessoas dariam mais valor ao conhecer toda a estrutura que é necessária para a “mágica” de a obra artística acontecer, são necessários muitos profissionais, e aqui friso profissionais com capacidade técnica, conceitual e artística que levam anos a fio de estudo e experimentação. Para tornar mais palpável esse nível de labor artístico, posso trazer uma relação simbólica como “médicos da alma”.
Ganhar prêmios e participar de trabalhos de grande alcance midiático é um resultado que poucos conseguem devido ao mercado que ainda possui pouco espaço e grande concorrência, principalmente por conta dos investimentos que são altos e escassos no nosso país. Sou uma artista que pode se der ao luxo de ter trabalhos com grandes nomes do cenário artístico, e isso é uma conquista que mostra que meu caminho vem sendo feito da melhor forma. Dia ou outro levo um susto no nosso grupo de comunicação do filme Big Bang com o convite para um Festival, uma premiação nunca esperada, um depoimento de alguém que assistiu e se emocionou com a nossa história. É lindo participar de uma obra que enobrece o ser humano, nos traz novamente a humanidade que anda meio perdida por aí.
Para uma atriz que vivencia e trabalha na área cultural do município, seja no âmbito da sociedade civil como artista ou no âmbito institucional como servidora pública na Secretaria de Cultura e Turismo, é uma grande alegria e um árduo trabalho, mas como diz o diretor Carlos Segundo: “Onde querem corte, seremos plano contínuo”.
Que chique essa mulher Soberana maravilhosa! Sucesso querida!!!