Performance esportiva e ciclo menstrual: pódium de vantagens?

Em fase de olimpíadas, muito se questiona sobre ciclos menstruais das atletas. O ciclo menstrual reflete um equilíbrio do funcionamento dos ovários que produz basicamente estrogênio, progesterona e testosterona.

Cada fase do ciclo pode ter influência positiva ou negativa na performance esportiva e isso pode ser modulado em mulheres que usam ou não contraceptivos hormonais.

Existem diferenças básicas entre as mulheres que usam ou não contraceptivos hormonais, mas entre especialistas da área, há um consenso: menstruar demais, não é fisiológico e não é pódium de vantagens para nenhuma mulher, principalmente para a atleta.

Para a não usuária de contracepção hormonal, durante a menstruação, pode haver menor rendimento e os treinos merecem ser menos intensos.

Por outro lado, logo após a menstruação, o predomínio do estrogênio garante maior vigor, com possibilidade de treinos mais intensos e melhor desempenho esportivo. No pico ovulatório, há maior liberação de testosterona natural, que envolve ganho de massa magra e potencial de força. Entretanto, esse ganho pode ser contínuo, simplesmente pela regularidade da prática esportiva, sem necessidade de reposições aleatórias, que não são recomendadas.Conheça 10 métodos anticoncepcionais | Veja Saúde

O ciclo se encerra na fase pré-menstrual com predomínio de progesterona, hormônio que prepara o útero para receber um possível embrião. Entretanto esse hormônio pode proporcionar à mulher maior retenção hídrica e necessidade de adaptação a treinos menos intensos, com fase mais introspectiva e menos favorável a esportes de coletividade.

Essas alterações são fisiológicas, em ciclos ovulatórios, ou seja, em mulheres sem contracepção. Entretanto, essas mulheres podem ter fluxo menstrual aumentado, cólicas, sintomas de tensão pré-menstrual que atrapalham muito a performance esportiva.

Por isso, os estudos de ginecologia do esporte recomendam uso de contracepção hormonal, quando não houver contraindicações, com escolhas individualizadas, para garantir eficácia contraceptiva e minimizar sintomas decorrentes da menstruação como excesso de fluxo com risco de anemia.

A anemia, decorrente de menstruação intensa, pode sim impactar negativamente na performance esportiva.

Estudos também demonstram que não há impacto negativo em ganho de peso com uso de contraceptivos hormonais. O ganho de peso pode estar mais relacionado a hábitos de vida, já que até mesmo mulheres que optam por camisinha como contracepção podem ganhar peso se permanecerem sedentárias ao longo da vida.

Cabe às mulheres atletas, sejam as atletas de competições ou de práticas esportivas, optarem por ter menos perda de sangue menstrual, menos cólicas e menos sintomas de pré-menstruais para assegurar performance esportiva durante todo o ciclo. Usar a contracepção hormonal a seu favor pode não garantir medalhas olímpicas, mas garante bom metabolismo no esporte e qualidade de vida.

Que seu pódium seja sua resiliência e esforço em vencer o sedentarismo e praticar o que for mais adequado pra você, mas praticar.

Dra. Gisele Vissoci Marquini

CRM 34170MG    RQE 19701

Ginecologia/Uroginecologia/ Cirurgia vaginal

Fonte: Bougault V, Schiano-Lomoriello S, Castanier C, Buisson C, Ericsson M, Teulier C, Collomp K. Physical activity and combined hormonal contraception: association with female students’ perception of menstrual symptoms. Front Physiol. 2023 May 17;14:1185343.

Imagens: google dominio publico

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