Rompendo o silêncio e ampliando o diálogo
O tema da sexualidade masculina muitas vezes permanece nas sombras, raramente abordado com profundidade e seriedade. Muitas vezes reduzida a questões superficiais, a discussão tende a focar unicamente no desempenho sexual do homem e suas atitudes tradicionalmente associadas a comportamentos rudes e machistas.
Historicamente, a saúde masculina foi negligenciada, porém, nos últimos anos, há um aumento na conscientização sobre essa questão. A necessidade de sensibilizar os homens sobre a importância do cuidado com sua saúde tornou-se um imperativo, refletindo na demanda por campanhas mais abertas e acessíveis.
Observa-se uma notável desigualdade na atenção dada à saúde sexual masculina, quando comparada à feminina. As campanhas de empoderamento feminino e a discussão sobre a sexualidade das mulheres frequentemente superam em quantidade e qualidade as iniciativas voltadas aos homens. É crucial reconhecer o impacto da sociedade patriarcal passada, que resultou em uma disparidade que persiste.
Ao longo dos anos, as mulheres ganharam destaque e conquistaram protagonismo na sociedade, o que é uma evolução positiva. No entanto, na visão da sexologia, podemos observar que isso criou uma lacuna: a discussão da sexualidade masculina. A maioria das teorias e pesquisas sobre sexualidade, mesmo as desenvolvidas por mulheres, ainda segue os paradigmas masculinos. Isso resultou em um silêncio ensurdecedor em torno da sexualidade masculina, com uma crença equivocada de que os homens estão naturalmente equipados para lidar com sua sexualidade.
A sociedade ainda enfrenta um desafio em tratar a sexualidade masculina de forma completa e aprofundada. Ideias superficiais e limitadas, como o tamanho do pênis, a ênfase excessiva no coito e a pressão por uma ereção instantânea, contribuem para uma visão distorcida da sexualidade masculina. Essas noções reducionistas deixam de abordar a amplitude da experiência masculina e perpetuam mitos e equívocos.
A representação da conduta sexual masculina muitas vezes se prende a estereótipos, o que resulta em impactos negativos. A crença de que um homem deve ser um conquistador incansável, combinada com a ideia errônea de que a única satisfação sexual está na área genital, cria um cenário que prejudica a saúde mental e emocional dos homens.
É essencial reconhecer que essa problemática enfraquece a sociedade como um todo, uma vez que o desenvolvimento pleno dos homens é essencial para uma comunidade saudável. A sociedade não pode se dar ao luxo de ignorar a saúde mental, emocional e sexual dos homens, negligenciando a importância de uma visão mais ampla e informada sobre o assunto.
À medida que a figura masculina é muitas vezes submetida a uma visão simplista e depreciativa, é essencial quebrar esse ciclo. A sexualidade masculina não deve ser deixada de lado ou tratada superficialmente. O conhecimento e a conscientização são ferramentas cruciais para ajudar os homens a explorarem sua sexualidade de maneira saudável e positiva, capacitando-os a desempenhar papéis construtivos em suas vidas e na sociedade como um todo.
Por: Beto Pinheiro
Terapeuta familiar e Sexólogo