Imagem: Telavita
Um problema muito comum, mas ainda pouco comentado é a depressão pós-parto.
Pouco comentando e abordado porque algumas pessoas não acreditam como é possível uma mulher estar triste, após ter nos braços um bebê, tanto desejado, planejado e esperado, com tantas preparações (consultas, quartinho, chá de fraldas, etc)…
Mas é muito mais comum do que se imagina, com grande procura nos consultórios de psicólogos e psiquiatras.
De 2 a 5 dias depois do parto algumas mulheres (aproximadamente metade delas) tem sintomas de depressão (choro fácil e tristeza) que não impedem suas tarefas. Isso se dá por conta das mudanças físicas e principalmente emocionais na vida da mulher, pelas alterações hormonais e pela responsabilidade imposta a ela com um pequenino ser que ela tem para cuidar. Essa fase passa espontaneamente e não é tão estudada como o tipo mais grave, que é mais prolongada e incapacitante, precisando inclusive, de intervenção médica e psicológica.
A depressão pós-parto pode se manifestar de forma mais grave, dificultando o estabelecimento do vínculo afetivo entre a mãe e o bebê.
As causas para a depressão pós-parto são multifatoriais. Pode ser originada por fatores biológicos (alterações dos níveis hormonais), fatores psicológicos (sentimentos conflituosos da mulher consigo mesma, com o bebê, com o marido, com a família), e pelos fatores sociais (situação financeira, profissional, sobrecarga de trabalho e de funções, e dúvidas do tipo: e agora, quem vai cuidar do meu filho quando eu tiver que voltar a trabalhar?, será que terei que parar de trabalhar?)… Enfim, se as preocupações forem muito grandes, elas podem causar sofrimento e desencadear os sintomas da depressão.
Entre os sintomas mais comuns, destacamos o humor deprimido, irritabilidade, ansiedade, angústia, desânimo, cansaço fácil, dificuldade de sentir alegria, desmotivação, indecisão, vazio, desamparo, choro, diminuição ou aumento do apetite.
Imagem: Unilabs
O tratamento inclui acompanhamento médico (psiquiatra) e psicológico. Costumo recomendar a abordagem cognitivo-comportamental, por ser mais eficaz porque é estruturada e trabalha pensamentos distorcidos, nesse caso, acerca da maternidade. O psiquiatra, por sua vez, irá avaliar a necessidade e a relação risco-benefício da prescrição de medicamentos. O que não se deve é ficar com medo ou vergonha de procurar ajuda. Primeiramente é importante dividir esse momento com a família e depois, uma boa conversa com um profissional pode sanar todas as dúvidas e motivar para o tratamento, para então curtir com plenitude a maternidade.
Kátia Beal
Psicóloga – CRP 04/36616