Explosões de raiva e a desregulação emocional

Popularmente conhecida como Síndrome de Hulk, explosões de raiva podem caracterizar um transtorno, se em excesso.

Imagem: CanalTech

O Transtorno Explosivo Intermitente (TEI), de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, em sua versão revista e atualizada, de 2023 (DSM-5-TR), compreende os seguintes critérios: Explosões comportamentais recorrentes representando uma falha em controlar impulsos agressivos, conforme manifestado por um dos seguintes aspectos:

  1. Agressão verbal (por exemplo, acessos de raiva, injúrias, discussões ou agressões verbais) ou agressão física dirigida a propriedade, animais ou outros indivíduos, ocorrendo uma média de duas vezes por semana, durante um período de três meses. A agressão física não resulta em danos ou destruição de propriedade nem em lesões físicas em animais ou em outros indivíduos.
  2. Três explosões comportamentais envolvendo danos ou destruição de propriedade e/ou agressão física envolvendo lesões físicas contra animais ou outros indivíduos ocorrendo dentro de um período de 12 meses.
  3. A magnitude da agressividade expressa durante as explosões recorrentes é grosseiramente desproporcional em relação à provocação ou a quaisquer estressores psicossociais precipitantes.
  4. As explosões de agressividade recorrentes não são premeditadas (são impulsivas e/ou decorrentes de raiva) e não tem por finalidade atingir algum objetivo tangível (por exemplo, dinheiro, poder, intimidação).
  5. As explosões de agressividade recorrentes causam sofrimento acentuado ao indivíduo ou prejuízo no funcionamento profissional ou interpessoal ou estão associadas a consequências financeiras ou legais.
  6. A idade cronológica é de pelo menos 6 anos (ou nível de desenvolvimento equivalente).

As explosões de agressividade recorrentes não são mais bem explicadas por outros transtorno mental (por exemplo, transtorno depressivo maior, transtorno bipolar, transtorno disruptivo da desregulação do humor, um transtorno psicótico, transtorno da personalidade antissocial, transtorno da personalidade borderline) e não são atribuíveis a outra condição médica (por exemplo, traumatismo craniano, doença de Alzheimer) ou aos efeitos fisiológicos de uma substância (por exemplo droga de abuso, medicamento). No caso de crianças e adolescentes com idade entre 6 e 18 anos, o comportamento agressivo que ocorre como parte do transtorno de adaptação não deve ser considerado para esse diagnóstico. Nota: Este diagnóstico pode ser feito em adição ao diagnóstico de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtorno de conduta, transtorno de oposição desafiante ou transtorno do espectro autista nos casos em que as explosões de agressividade impulsiva recorrentes excederem aquelas normalmente observadas nesses transtornos e justificarem atenção clínica independente.

Imagem: Revista Galileu

As explosões de agressividade impulsivas (ou decorrentes de raiva) no TEI tem início rápido e, geralmente, pouco ou nenhum período prodrômico. Em geral, as explosões duram menos de 30 minutos e costumam ocorrer em resposta a uma provocação mínima por uma pessoa íntima ou próxima (APA, 2023).

Imagem: Telavita

De acordo com a APA (2023), a prevalência do TEI nos Estados Unidos representa algo em torno de 2,6% da população e é mais prevalente entre indivíduos mais jovens, com menos de 35 a 40 anos, comparados com indivíduos acima dos 50 anos. Acontece mais com homens do que com as mulheres. Entre os fatores de risco estão os ambientais e os genéticos e fisiológicos. Indivíduos com história de trauma físico e emocional durante as primeiras duas décadas de vida estão em risco aumentado para o TEI. O afastamento de casa e a separação de membros da família por tempo prolongado também podem ser fatores de risco, principalmente em alguns contextos de populações de refugiados. Parentes de primeiro grau de indivíduos com TEI estão em risco aumentado para esse transtorno, sendo que estudos de gêmeos demonstraram uma influência genética substancial para agressão impulsiva. Entre as consequências funcionais mais comuns estão os problemas sociais (perda ou afastamento de amigos e parentes), relacionamento interpessoal (instabilidade conjugal), profissionais (rebaixamento de função, perda do emprego), financeiros (causados pelo valor de objetos destruídos) e legais (resultantes de comportamentos agressivos contra pessoas ou propriedades, e ações criminais por violência).  

 

Kátia Beal

Psicóloga – CRP 04/36616

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