O coração da mulher

            O coração das mulheres é diferente, por este motivo elas precisam ampliar a prevenção contra as doenças cardiovasculares. Esse órgão no sexo feminino merece atenção e cuidados diferenciados, pelo fato de o coração da mulher ser ligeiramente menor, pesar menos e ejetar menos sangue, já que a superfície corpórea feminina costuma ser menor do que a dos homens. A circulação coronariana também é diferente e é mais estreita que a masculina.

            Por ocasião do Dia Internacional da Mulher (8 de março), devemos ressaltar a importância dos cuidados preventivos e da atenção com os riscos relativos às doenças cardiovasculares, que são causas crescentes de mortes no universo da população feminina.

            A incidência de doenças cardiovasculares aumenta dramaticamente com o envelhecimento populacional, especialmente nas mulheres. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o infarto e o AVC (Acidente Vascular Cerebral) são as principais causas de morte em mulheres com mais de 50 anos no Brasil. Apesar do risco de câncer de mama ser a principal preocupação das mulheres, sabemos que a maior incidência de morte nas mulheres se refere às doenças cardiovasculares, um índice de 53% quando comparado aos 4% do câncer de mama. Atualmente, as doenças cardiovasculares já ultrapassam as estatísticas de câncer de mama e de útero. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), respondem por um terço das mortes delas no mundo, com 8,5 milhões de óbitos/ano, ou seja, mais de 23 mil por dia. Entre as brasileiras, principalmente acima dos 40 anos, as cardiopatias chegam a representar 30% das causas de morte, a maior taxa da América Latina.

            A doença arterial coronariana na população feminina aparece em média cerca de 10 a 15 anos mais tardiamente que os homens, fato este que possivelmente é explicado pela proteção estrogênica. Talvez por esse fato, as mulheres, e certamente alguns profissionais da saúde acreditam que as medidas de prevenção também possam ser postergadas, o que é um erro já que o processo aterosclerótico determinante dos principais fatores de risco cardiovasculares envolvidos, já é evidente a partir dos 20 anos de idade.

Como poderíamos explicar o aumento destas doenças do coração no público feminino? Vários fatores estão relacionados a este elevado risco cardiovascular e quanto maior o número de fatores de risco presentes, maior a chance de apresentar um evento cardiovascular. Da mesma forma, quanto melhor o controle dos hábitos de vida com redução do número de fatores modificáveis associados, maior é a redução deste risco. O Nurses’ Health Study, em avaliação de mais de 84.000 mulheres americanas saudáveis, por um período de 16 anos, demonstrou que modificações nos hábitos de vida podem prevenir mais de 80% dos eventos coronarianos.

            Alimentação inadequada, baixa atividade física, consumo de álcool e tabagismo são importantes fatores de risco para as doenças cardiovasculares em mulheres. Essas doenças são mais prevalentes nas classes sociais menos favorecidas da população, sendo considerável o aumento da incidência de doenças cardiovasculares após a menopausa.

Prevenção é o mais importante

            A falta de prevenção aos fatores de risco modificáveis, como estresse, falta de atividade física, má alimentação, tabagismo e consumo em excesso de bebidas alcoólicas, pode ser uma das causas para o aumento de mortes por doenças cardiovasculares no sexo feminino, inclusive em mulheres mais jovens.

Como evitar as doenças cardiovasculares?

            A maioria das doenças cardiovasculares pode ser evitada, inclusive as de histórico familiar. O segredo é adquirir hábitos de vida e alimentares mais saudáveis.

Alimentação

Uma das maneiras mais eficazes de prevenir doenças cardiovasculares é cuidando da alimentação. O consumo de alimentos ricos em gordura ajuda a formar as chamadas “placas ateroscleróticas”, que resultam na obstrução das artérias e no comprometimento do fluxo sanguíneo. O sal contribui para elevar a pressão arterial, fazendo com que o coração bata com mais força para conseguir manter o sangue circulando pelo corpo. O mais indicado é evitar produtos industrializados e fast food, ricos nesses dois componentes, e priorizar o consumo de alimentos naturais, como frutas, legumes, verduras, carnes magras, além de bons grãos e cereais.

Atividades físicas

A prática de atividades físicas é uma forma de prevenir não apenas as doenças cardiovasculares, mas diversas outras, além de promover mais qualidade de vida, com resultados positivos para o corpo e para a mente.

A indicação são os exercícios aeróbicos, no mínimo, 3 vezes por semana (ou 150 minutos), tais como corrida, caminhada, ciclismo, natação, dança, entre outros.

Atenção: consulte sempre com seu médico para orientação sobre a atividade adequada. Afinal, existem alguns casos em que o exercício físico não é a melhor opção para o coração.

Controle do peso

Consequência da má alimentação e da falta de atividades físicas, estar acima do peso contribui para o desencadeamento de diversas doenças cardiovasculares, por exemplo, hipertensão e colesterol alto. A sugestão para controlar o peso, ou mesmo eliminar a obesidade, é unir as dicas 1 e 2, ou seja, melhorar a alimentação e sair do sedentarismo.

Cigarro e bebidas alcoólicas

Além de causar doenças como hepatite, cirrose hepática, câncer no esôfago, faringe, fígado, entre outros, o álcool contribui para o desencadeamento de doenças cardiovasculares, a exemplo do infarto e da insuficiência cardíaca. O motivo é que a substância causa danos às células do coração, além de estar associada a arritmias e à obstrução das artérias. Já o tabagismo, além de câncer de pulmão e outros tipos, contribui para o estreitamento das artérias e para a elevação da pressão arterial. Somado a isso, o dióxido de carbono do cigarro obriga o coração a trabalhar mais para gerar níveis maiores de oxigênio para o organismo.

Estresse

Com a rotina agitada, é difícil fugir de situações de estresse, por menores que elas sejam. Mas é importante saber que esse quadro provoca uma série de alterações no organismo que podem contribuir para o surgimento de diversas patologias, por isso, precisa ser controlado. Entre as consequências que têm ligação direta com as doenças cardiovasculares está o aumento da pressão arterial, decorrente da descarga de adrenalina disparada pelas glândulas suprarrenais quando estamos em condições estressantes.

Acompanhamento médico

Algumas doenças podem ser diagnosticadas precocemente, por este motivo é tão importante ter acompanhamento médico periódico. Testes sanguíneos para verificar taxas de colesterol, nível de glicose, de triglicérides e de vitaminas, são apenas alguns exemplos de exames laboratoriais que o médico pode solicitar. Além desses, o teste ergométrico, ou de esforço, avalia o sistema cardiovascular e traz um panorama completo da saúde do coração. Além do check-up anual, é fundamental também controlar a pressão arterial com uma periodicidade maior, principalmente quando se tem histórico de doenças cardiovasculares na família — para quem é hipertenso, a recomendação é realizar a verificação a cada 3 meses, ou de acordo com a orientação do cardiologista.

            A prevenção de doenças cardiovasculares é composta por atitudes simples e facilmente incorporadas no seu dia a dia. Boa alimentação, cuidados com o corpo e acompanhamento médico são as chaves para ter uma vida melhor e mais saudável. Infelizmente muitas pessoas ainda se abstêm desses cuidados, levando-as a grandes chances de desenvolverem algum problema cardíaco, muitos com necessidade de atendimento emergencial.

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