Controle parental ajuda genitores a monitorar acesso dos filhos aos recursos da tecnologia, mas especialista alerta ao que é mais importante: o diálogo
*Nina
Falar para a criança ou o adolescente que vai suspender o uso do smartphone, tablet ou notebook por alguns dias é considerado um dos piores castigos que existem. As gerações Z e Alpha nasceram sabendo navegar na internet e “pilotar” esses equipamentos. Por isso, o desafio é encarar a realidade de frente com o foco na orientação dos filhos e controle de acesso.
Monitorar as atividades de crianças e adolescentes na internet é uma tarefa que merece determinada atenção e conhecimento. Afinal, a tecnologia faz parte da vida diária de todos e saber o quê os filhos acessam é muito importante. Nesse sentido, o controle parental é o termo que foi criado para denominar esse monitoramento de pais em relação ao uso da internet feito pelos filhos menores de idade, como forma de proteção contra pornografia; ataques virtuais (sites perigosos); conteúdos que agregam violência (cyberbullying) e até vendas de bebidas alcóolicas e outros tipos de drogas.
É fundamental ensinar/orientar esse público quando surgem assédios ou ataques. A especialista em Educação e Tecnologia e co-fundadora da Techers, Escola de Tecnologia, Danielle Akemi Jogo, afirma que o bom senso vale muito mais a pena do que criar somente o limite de tempo, ou seja, estabelecer um controle de qualidade do que a criança ou adolescente está fazendo com a tecnologia é essencial. “Ainda mais se for uma tecnologia para a aprendizagem, se é para desenvolvimento de raciocínio lógico, pensamento computacional você nem está fazendo um bem para a criança; você está fazendo o necessário, porque hoje desenvolver o pensamento computacional é importante tanto quanto saber ler e escrever… você está preparando seu filho para um contexto do que já é certo; você está preparando seu filho para o mundo”, diz Danielle Akemi.
Games e orientação
Entretanto, existem assuntos do mundo infantil e teen que, além de encantá-los, são de fácil acesso na tecnologia, tais como os games. Na realidade dos dias de hoje, devido aos compromissos rotineiros dos pais dentro e fora de casa, conversar e mostrar as diversas situações perigosas em que os filhos/filhas podem se deparar é um dos caminhos assertivos para evitar exposição aos cybers criminosos. “O ideal é que você oriente seu filho/filha em como lidar com possíveis situações; sair da sala para mostrar que não gosta de nenhum tipo de assédio. Se a criança é muito nova é melhor não deixar jogar no modo online, assim evita que ela jogue com pessoas estranhas”, ressalta Akemi.
Redes sociais e a importância de ter maturidade
Desde que as redes sociais se popularizaram para as pessoas de idade precoce, o modus operandi familiar mudou. São pais que gerenciam seus filhos em canais de Youtube e, dependendo do sucesso, tornam-se agentes de um lucrativo negócio. Mas, é uma faca de dois gumes porque o tênue limite entre a vida real de uma criança ou adolescente que cresce exposta nas redes sociais pode gerar sérios problemas psicossociais.
Na Itália, a plataforma TikTok foi bloqueada no ano passado após uma criança de 10 anos morrer ao participar de “desafio” proposto. Danielle Akemi acredita que crianças não devem ter redes sociais enquanto não têm maturidade de discernir o que é certo e errado. “Se ainda não foi abordado alguns assuntos, por exemplo, mais pro lado sexual em família ou aqueles que todos entendem como perigosos; não acho que é o momento para se ter Instagram, TikTok ou Facebook. É muito importante que os pais sintam quando é que essas redes podem entrar e quando esse público tem a maturidade para poder lidar com todos os problemas de segurança nessas redes sociais”, alerta.
Para a gerente da Techers, o Instagram, TikTok e Facebook devem receber uma constante supervisão dos pais como forma de proteção. Aliás, ela ensina que o ideal é que acrescentem no perfil da conta do filho/filha a informação de que é supervisionada pelos pais. “Porém ainda assim eu acho muito arriscado porque não são todos os pais que monitoram. Na verdade, muitas das vezes, é arriscado o que a criança assiste e acessa, não só aquilo que posta ou expõe. Então, ao deixar seu filho e filha ter contato com essas redes sociais é muito importante ensinar que percebam os sinais de perigo. Devem de tempos em tempos terem diálogos em família sobre os pontos positivos e negativos desse tipo de tecnologia. Fazendo isso você evita muitos problemas e essa dinâmica tem que acontecer direto”, aconselha Danielle Akemi.
Limite de tempo e a crise entre pais e filhos
A respeito do limite de tempo dos filhos no acesso aos recursos de tecnologia, como smartphone e tablets, é outro ponto que gera um verdadeiro drama na relação familiar dos tempos de hoje. Inclusive, pode se tornar o palco ou motivo de disputa de poder entre crianças/adolescentes e pais, ainda mais quando existe o hábito diário do uso desses equipamentos.
Danielle Akemi aponta que o tempo de acesso deve ser avaliado e repensado pelos genitores para não se tornar uma “chupeta” por longo prazo no dia. “Uma vez ou outra quando você está precisando de tranquilidade, um tempo de concentração você pode usar esses recursos… só que todos os pais sabem quando estão exagerando. Então, tem que tirar, promover um detox de tecnologia, de ferramentas como smartphone e tablet e proporcionar um contato mais real; motivar a criança a conversar com outras crianças, brincar, ficar na mesa com adultos, senão ela não vai ter essa vivência que é fundamental”.
Softwares e apps de controle parental
Ainda bem que existem diversos aplicativos e softwares que facilitam o controle parental para impedir que crianças e adolescentes permaneçam por muito tempo no mundo digital e que sejam alvo de crimes cibernéticos ou de conteúdos impróprios para a idade deles. “O que sempre sugiro para os pais é usar o controle da Google porque a partir desse acesso de segurança qualquer site ou programa linkado pelo Google Chrome vai estar protegido pelos pré-requisitos que os genitores marcarem”, afirma Danielle Akemi.
Além do Google, existem vários apps e softwares no mercado que oferecem diferentes funcionalidades, como: bloquear conteúdos impróprios e configurar whitelists (listas permitidas) e blacklists (listas proibidas). Também existe a possibilidade de controlar ou limitar a quantidade de tempo que passam usando smartphones, tablets e computadores. Tudo pode ser feito sem o conhecimento dos filhos/filhas (instalação invisível).
Aqui estão alguns recursos que podem ajudar no controle parental disponíveis no mercado:
Google Family Link
Gera um relatório sobre o período de uso e possibilita controlar o que pode ser comprado na Google Play Store, rastrear a localização, ocultar apps, bloquear o dispositivo e limitar o tempo de uso. Está disponível para iOS e Android.
AppBlock
Bloqueia o uso de vários recursos (chamadas, vídeos, fotos), aplicativos e downloads. Vários perfis de bloqueios podem ser criados e ativados em diferentes horários no celular, como na hora de dormir, por exemplo. O início e o fim das atividades são definidos pelos horários e dias selecionados pelos pais. A partir da localização, também é possível configurar o bloqueio automático.
Life360
Compartilhamento da localização Quando o filho chega em um local, um alerta é enviado para as pessoas adicionadas dentro de um círculo de monitoramento. Caso aconteça alguma situação de emergência, o aplicativo faz uma chamada automática para os perfis selecionados. Se o telefone for perdido ou roubado, ele pode ser rastreado com o recurso da localização precisa do Life360.
GPS Rastreador de família KidsControl
Monitorar a localização do filho mesmo sem internet utilizando coordenadas específicas do GPS Rastreador de família KidsControl. Quando existe conexão, a precisão se torna de 10 a 40 metros maior, mesmo em lugares fechados como estacionamentos subterrâneos, por exemplo. Regiões perigosas podem ser definidas para que alertas sejam enviados caso o filho entre nelas. Se houver alguma emergência, o botão SOS envia um pedido de ajuda para quem está monitorando a localização.
Controle Parental Screen Time
Monitora assuntos que são visualizados em sites, redes sociais e demais conteúdos. Controlar o tempo de uso. Na versão paga do app, os pais podem interromper imediatamente as atividades do celular monitorado, limitar recursos no horário de aula, ter um resumo diário das atividades e até mesmo dividir o monitoramento com outros perfis.
mSpy
Monitora a atividade em redes sociais. 14 dias de garantia de devolução do dinheiro. Compatível com dispositivos Android e iOS.
eyeZy
Monitoramento e controle parental com alertas baseados em inteligência artificial. Criptografia para manter seus dados seguros. Compatível com quase todos os dispositivos.
Norton Family
Filtros de conteúdo e localização com GPS. Acesso a todos os sites visitados pela família. Compatível com dispositivos Android e iOS.
Kaspersky
Configure restrições e bloqueie conteúdos. Compatível com PC, Mac e dispositivos móveis. Avaliação gratuita de 7 dias.
Qustodio
Bloqueio de conteúdos inapropriados. Gerenciamento e limite do tempo de uso. Monitora a atividade em redes sociais
Fonte: Microsoft, Apple e Google
* Jornalista especialista em Tecnologia e Inovação
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