Na virada do ano, a escolha do look costuma carregar mais do que estética. Cores ganham significados simbólicos e passam a representar desejos para o ciclo que se inicia. Branco para a paz, verde para a saúde, vermelho para a paixão e amarelo para a prosperidade financeira. A tradição é forte, especialmente no Brasil, e atravessa gerações.
No entanto, é importante ampliar essa reflexão: de nada adianta apostar em uma cor cheia de significado se não houver atitudes e comportamentos que sustentem esse desejo ao longo do ano.

Como educadora e consultora de moda, observo a roupa como uma linguagem social. A imagem comunica intenções, valores e posicionamentos. Quando escolhemos uma cor para o Réveillon, estamos fazendo uma declaração simbólica sobre aquilo que queremos atrair ou fortalecer. O problema surge quando essa escolha se limita a um gesto pontual, sem desdobramentos práticos.
O amarelo, tradicionalmente associado à prosperidade, também representa clareza, energia e movimento. Não se trata apenas de desejar abundância, mas de compreender que prosperidade exige ação: planejamento financeiro, organização, tomada de decisões e constância. A cor, por si só, não produz resultados — ela apenas sinaliza uma intenção.


A moda pode ser uma aliada nesse processo quando funciona como um lembrete visual e simbólico. Vestir uma cor com significado pode reforçar um compromisso pessoal, desde que esse compromisso seja sustentado no cotidiano. Caso contrário, o ritual perde força e se transforma apenas em repetição cultural.
Ao longo da minha trajetória profissional, percebo que a frustração em relação a esses rituais muitas vezes está ligada à expectativa de que o externo resolva o interno. A roupa inspira, comunica e fortalece a autoestima, mas não substitui comportamento, disciplina e escolha consciente. Moda não é promessa, é expressão.
Por isso, talvez a pergunta mais importante antes de escolher o look da virada não seja “qual cor usar?”, mas sim: o que estou disposta a mudar para que esse desejo se concretize?
Se a escolha for o amarelo, há disposição para rever a relação com o trabalho, com o dinheiro e com as prioridades?
Se for o branco, há abertura real para recomeços?
Se for o verde, há cuidado contínuo com a saúde física e emocional?

Quando moda e comportamento caminham juntos, o vestir deixa de ser apenas estético e passa a ter função estratégica. A roupa ganha sentido quando está alinhada à prática, e o simbolismo se fortalece quando encontra coerência nas ações.
A virada do ano pode marcar um início, mas é no dia a dia que as escolhas se consolidam. Mais do que vestir uma cor na noite de 31 de dezembro, o desafio está em sustentar essa intenção ao longo dos meses.

No fim, estilo também é constância. E os resultados que desejamos para o novo ano não vêm apenas do que escolhemos vestir, mas principalmente do que escolhemos fazer.

