Amazônia no centro do mundo: COP30 cobra resultados reais

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) terá início em 10 de novembro de 2025 e seguirá até 21 de novembro, em Belém (PA), e já está sob forte cobrança global por resultados concretos. A poucos dias da abertura oficial, o clima político é de frustração e urgência: as metas firmadas no Acordo de Paris seguem distantes e o mundo deve ultrapassar o limite de 1,5 °C de aquecimento já na próxima década, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Durante o lançamento da iniciativa Tropical Forest Forever Facility, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o fracasso coletivo em conter o aumento da temperatura global representa uma “falha moral e negligência letal”. Ele alertou que apenas 64 dos 198 países signatários atualizaram suas metas de redução de emissões — revelando o que classificou como um “déficit de ambição” entre as principais economias do planeta.

O Brasil, anfitrião do encontro, tenta reposicionar-se como liderança ambiental ao propor o plano “Roteiro de Baku a Belém”, que busca ampliar o financiamento climático global para US$ 1,3 trilhão por ano. O governo também apresentou o chamado “Plano dos 5 R’s” – Reabastecer, Reequilibrar, Redirecionar, Renovar e Remodelar – com foco em políticas sustentáveis que unam preservação ambiental e inclusão social.

Mesmo assim, o cenário global segue crítico. As emissões de gases de efeito estufa aumentaram 2,3% em 2024, e estudos mostram que o pico de emissões da China — maior poluidor do mundo — deve ocorrer apenas a partir de 2028. Para especialistas ouvidos pela Reuters, a ausência de líderes de potências como Estados Unidos e Índia em Belém reforça o pessimismo quanto à efetividade dos acordos.

Em discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o Brasil “não quer que a COP30 seja uma feira de produtos ideológicos, mas um espaço de compromissos reais”. A fala ecoa o tom de pressão que marca o início da conferência: de um lado, governos e empresas prometeram reduzir o impacto ambiental; de outro, o planeta segue aquecendo e as promessas permanecem no papel.

A COP30 será decisiva para medir se os líderes mundiais estão dispostos a transformar compromissos em ação — ou se a Amazônia, palco simbólico da reunião, servirá apenas de cenário para mais um discurso sobre o que já deveria estar sendo feito.

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