
O governo brasileiro pretende realizar explosões controladas em trechos do rio Tocantins, no Pará, para viabilizar a navegação de comboios de grãos rumo aos portos do norte do país. A medida, revelada pela Reuters, faz parte do plano de expansão do chamado Arco Norte, corredor logístico estratégico para o escoamento da soja e do milho produzidos no Centro-Oeste.
O projeto prevê a remoção de formações rochosas por meio de detonações, facilitando o transporte fluvial durante todo o ano, inclusive nos períodos de estiagem. O governo argumenta que a intervenção reduzirá custos e ampliará a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado internacional.
Ambientalistas e organizações sociais, contudo, alertam que a iniciativa pode provocar impactos ambientais severos sobre a bacia amazônica, afetando a fauna aquática, o abastecimento de água e a subsistência de comunidades ribeirinhas.
De acordo com a reportagem da Reuters, o plano envolve trechos próximos a Itupiranga (PA) e vem sendo questionado por especialistas que apontam falhas nos estudos de impacto ambiental e falta de consulta às populações locais.
O Ministério dos Transportes afirma que o projeto cumpre as normas ambientais e será essencial para modernizar a hidrovia Tocantins-Araguaia, considerada estratégica para o desenvolvimento logístico nacional.
A proposta surge num momento delicado para o país, que se prepara para sediar a COP30, em Belém — evento no qual o Brasil busca reforçar sua imagem de liderança ambiental. Para analistas, a decisão evidencia o desafio do governo em equilibrar crescimento econômico e preservação ambiental diante do avanço da fronteira agrícola na Amazônia.

