Investimento Estrangeiro em duas velocidades: a aposta do Brasil no chão e no subsolo

Fonte imagem: O Globo 2017.

Outubro de 2025 revela um panorama de investimento estrangeiro direto (IED) no Brasil que é, animador, e ao mesmo tempo, preocupante. De acordo com o mais recente relatório da consultoria McKinsey & Company, o país tem demonstrado uma notável capacidade de atrair capital em áreas estratégicas ligadas a recursos naturais, mas patina na atração de investimentos em setores de ponta e alto valor agregado. O Brasil está sendo visto como um gigante de recursos, mas não como um hub de inovação.

O foco do IED está inegavelmente nos setores tradicionais e de commodities. O relatório destaca o forte fluxo de capital para as áreas de energia — impulsionado pela transição energética global e pela demanda por fontes renováveis, como a solar e a eólica — e a mineração, que se beneficia dos preços altos de minerais essenciais para a indústria global. A abundância de recursos e a segurança jurídica relativamente estável nesses setores criam uma âncora de atratividade que capitaliza as vantagens comparativas do país. A promessa de retornos consistentes e a escala da produção brasileira são chamarizes difíceis de ignorar.

Contudo, a McKinsey acende um alerta vermelho para o que chama de “perda de competitividade” em áreas de tecnologia avançada e serviços de alto valor. Enquanto nações emergentes da Ásia investem pesadamente em incentivos fiscais e infraestrutura digital para atrair startups e centros de P&D, o Brasil enfrenta obstáculos persistentes. De tal modo, o país enfrenta dificuldades para competir em setores industriais avançados, como semicondutores e veículos elétricos de acordo com relatório apresentado.

O risco dessa concentração é o Brasil se consolidar como um exportador de matéria-prima, dependente da volatilidade do preço global de commodities, enquanto falha em criar as bases para uma economia do futuro com alto valor agregado. A atração de capital para a mineração e energia é vital para o saldo da balança comercial, mas o desenvolvimento econômico de longo prazo depende da capacidade de inovar e de gerar valor agregado, de tal modo que uma alternativa seria o investimento em tecnologia e inteligência artificial para aumentar a produtividade.

A questão crucial para o governo e o empresariado brasileiro é: O Brasil está aproveitando o fluxo de dólares em recursos naturais para, de fato, financiar as reformas em educação e tecnologia que poderiam torná-lo mais competitivo? O desafio é usar a força do investimento em commodities como ponte para financiar a reforma educacional e a simplificação tributária necessárias para, enfim, atrair o capital que constrói o futuro.

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