
A recente autorização concedida pelo governo brasileiro à Petrobras para iniciar a perfuração de um bloco de exploração de petróleo próximo à foz do Rio Amazonas gerou fortes críticas de ambientalistas e especialistas em clima. Segundo a Associated Press (AP), a licença se refere ao bloco FZA-M-059, localizado em águas profundas do litoral do Amapá, uma das regiões mais sensíveis do ponto de vista ambiental.
O projeto havia sido temporariamente suspenso em 2023, após questionamentos do Ibama sobre os impactos ecológicos da atividade. No entanto, a nova decisão do governo reverteu o impasse e liberou a estatal para avançar com a perfuração exploratória. De acordo com a AP, a medida foi defendida pelo Ministério de Minas e Energia sob o argumento de que o Brasil precisa fortalecer sua soberania energética e diversificar suas fontes de produção.
Ambientalistas e organizações internacionais, entretanto, alertam para os riscos ecológicos. A área próxima ao delta do Amazonas abriga manguezais, recifes e uma das maiores biodiversidades marinhas do planeta. Segundo a Climate Change News, o local também é crucial para o equilíbrio climático global, atuando como barreira natural contra o aquecimento dos oceanos e a perda de carbono armazenado em ecossistemas costeiros.
A decisão ocorre a poucas semanas da COP30, conferência climática da ONU que será realizada em Belém, no Pará. Para críticos, o aval à Petrobras mina a credibilidade do Brasil como anfitrião do evento, uma vez que contrasta com o discurso oficial de compromisso com a descarbonização e a preservação da Amazônia. Segundo a Reuters, grupos ambientais devem usar a conferência para pressionar o governo a rever a autorização e reforçar metas mais ambiciosas de transição energética.
Por outro lado, o governo brasileiro argumenta que a exploração no litoral do Amapá faz parte de um processo de “transição responsável”, sustentando que o petróleo brasileiro teria menor pegada de carbono em comparação com o de outros países. O Ministério do Meio Ambiente, por sua vez, afirmou que continuará monitorando os impactos e exigindo cumprimento rigoroso das condicionantes ambientais.
A controvérsia evidencia o dilema entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental. Enquanto o país busca atrair investimentos e garantir autossuficiência energética, a comunidade internacional cobra coerência entre discurso e prática climática. Como destacou a Associated Press, “a perfuração no delta do Amazonas testará não apenas os limites ecológicos da região, mas também a credibilidade do Brasil diante do mundo na luta contra a crise climática”.