Fonte: Gazeta do Povo (2025).
O noticiário desta terça-feira, 23 de setembro de 2025, foi dominado por um evento que, de forma inesperada, gerou uma onda de otimismo no mercado financeiro brasileiro: o encontro entre os presidentes Lula e Donald Trump, nos bastidores da Assembleia Geral da ONU. A cena, aparentemente simples, de um “abraço” e a promessa de um encontro bilateral na próxima semana, foi o suficiente para que o dólar renovasse suas mínimas e o Ibovespa subisse.
Esse movimento, à primeira vista, pode parecer exagerado, já que a troca de afagos aconteceu pouco depois de discursos marcados por críticas mútuas. Lula, em seu pronunciamento, defendeu a soberania brasileira e criticou a ingerência em assuntos internos, em uma clara alusão às tarifas e sanções impostas pelos Estados Unidos. Trump, por sua vez, mencionou a necessidade de “comércio justo e recíproco” e também levantou críticas à política externa de outros países.
No entanto, a economia e a política nem sempre seguem a mesma lógica. Para o mercado, o importante não foi o tom duro dos discursos, mas sim a sinalização de um canal de diálogo. A recente imposição de tarifas de 50% sobre alguns produtos brasileiros pelos Estados Unidos, em retaliação ao que Washington chama de “política tarifária injusta” do Brasil, tem sido uma fonte constante de incerteza para o investidor. O anúncio de uma reunião bilateral, com a possibilidade de discutir essa questão diretamente, é interpretado como um passo em direção à resolução do impasse.
O que se viu na ONU foi uma demonstração de pragmatismo. Independentemente das diferenças ideológicas e das farpas trocadas em público, os líderes de duas das maiores economias das Américas parecem ter reconhecido que um diálogo aberto é a melhor forma de proteger os interesses de seus países. Para o mercado brasileiro, que tem sofrido com a volatilidade e as incertezas, essa “química excelente” entre Lula e Trump, como o próprio presidente americano definiu, foi um sopro de esperança.
Ainda é cedo para dizer se as tarifas serão revogadas ou se as relações comerciais voltarão ao normal. Mas, por enquanto, o simples fato de que os líderes concordaram em conversar já é um sinal positivo. O mercado, sempre atento a qualquer indício de estabilidade e previsibilidade, reagiu instantaneamente. Resta agora esperar para ver se esse aperto de mão se traduzirá em um alívio duradouro para as tensões comerciais.