JOVENS MILIONÁRIOS EM FORMAÇÃO: MAIS DE 35% DA GERAÇÃO Z APOSTA CEDO NOS INVESTIMENTOS

Pesquisa aponta que a nova geração não apenas investe cedo, mas também poderá acumular até US$ 74 trilhões em riqueza até 2040, impactando consumo e economia global

A Geração Z está entrando de vez no mercado de capitais. De acordo com o Global Retail Investor Outlook 2024, publicado pelo Boston Consulting Group (BCG) em parceria com o Fórum Econômico Mundial e a Robinhood Markets, mais de 35% dos jovens nascidos entre 1994 e 2010 já realizam investimentos financeiros — dado que reforça o amadurecimento dessa faixa etária em relação ao dinheiro. O estudo mostra ainda que 58% dos integrantes da geração Z começaram a aprender sobre investimentos antes mesmo de ingressar no mercado de trabalho, um movimento antecipado em comparação com gerações anteriores.

Esse engajamento precoce tem sido impulsionado por plataformas digitais, redes sociais e pela maior oferta de produtos financeiros, que vão de criptoativos a investimentos fracionados. O reflexo já pode ser observado no Brasil: só entre 2019 e 2022, o número de investidores em ações saltou de 500 mil para 5 milhões, segundo o relatório.

Para o especialista financeiro e diretor de negócios da Sicoob Cooperemb, Carlos Barbosa, a mudança de comportamento é fruto de maior acesso à informação e de políticas públicas voltadas à educação financeira. “Hoje temos muito mais informação disponível, inclusive por meio do Banco Central, que vem criando políticas de educação e cidadania financeira. A juventude percebeu que pensar no futuro é uma necessidade. E, por isso, está cada vez mais envolvida”, destaca.

Segundo ele, o cenário é muito diferente daquele vivido pelas gerações anteriores, quando falar de dinheiro dentro de casa era quase um tabu. “Diferente das gerações anteriores, que cresceram em famílias onde não havia espaço para falar sobre dinheiro ou em que esse tema era associado a conflitos e problemas, hoje o assunto já faz parte do dia a dia”, afirma Barbosa.

OPORTUNIDADES E RISCOS: IMPACTO DE LONGO PRAZO

O entusiasmo da Geração Z com esse universo, no entanto, também traz desafios. A velocidade com que os jovens acessam informações pode gerar expectativas irreais sobre retornos financeiros.

“A internet é positiva, mas também traz riscos. Um exemplo são as criptomoedas, que atraem a Geração Z, mas ainda carecem de regulamentação. Muitos influenciadores vendem a ideia de enriquecimento rápido, mas sabemos que não é assim que funciona”, alerta o diretor da Cooperemb. Para ele, a principal barreira está no imediatismo. “O grande desafio é mostrar a essa geração que o que aparece nas redes sociais não acontece num passe de mágica”, continua.

Apesar das armadilhas, o mercado também oferece oportunidades. As opções de investimento se multiplicaram nos últimos anos e ampliaram as possibilidades de escolha. A Geração Z e os Millennials, por exemplo, têm ampliado sua presença em produtos complexos, como imóveis, obras de arte e criptoativos: mais de um terço do portfólio da Gen Z já está em ativos alternativos, enquanto entre os Millennials mais de um terço está concentrado em criptomoedas. Há ainda a possibilidade de diversificação com renda fixa, debêntures e ações. “O leque ampliou muito. E isso é importante até para um conceito básico do investidor: a diversificação dos investimentos”, explica Barbosa.

Esse movimento pode trazer efeitos relevantes para a economia. Segundo o Bank of America (BofA), a geração deverá acumular US$ 36 trilhões em renda até 2030, cifra que pode saltar para US$ 74 trilhões até 2040. No consumo, a expectativa é que seus gastos globais cheguem a US$ 12,6 trilhões já em 2030, contra US$ 2,7 trilhões em 2024.

Barbosa acredita que essa visão de longo prazo é um diferencial. “Quanto mais cedo você guardar, mais recurso vai ter no médio e longo prazo. Já vemos crianças falando em poupar dinheiro. Isso vai proporcionar tranquilidade e um planejamento mais adequado. É uma vantagem em relação às gerações anteriores, que ainda sonham com uma aposentadoria do INSS — algo que a gente sabe que não vai acontecer”, conclui.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *