Fonte: https://www.onze.com.br/blog/balanca-comercial/
Em agosto de 2025, a balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 6,1 bilhões, um resultado que à primeira vista poderia ser motivo de celebração. Contudo, uma análise mais profunda revela um cenário complexo e preocupante para o futuro da nossa economia. Por trás desses números positivos, emerge uma realidade de vulnerabilidade e fragilidade, especialmente em setores cruciais que estão sendo diretamente impactados por decisões e falta de ação mais efetiva do nosso governo.
A queda das exportações para os Estados Unidos, por exemplo, é um sinal de alerta que não pode ser ignorado. O país, um dos nossos maiores parceiros comerciais, está diminuindo a demanda por produtos brasileiros, refletindo não apenas a dinâmica do mercado global, mas também a crescente dificuldade de competir em um ambiente de tarifas e barreiras. Essa tendência, se não revertida, compromete a diversificação de nossos mercados e nos torna excessivamente dependentes de poucas economias.
A crise no setor de pescados é um exemplo trágico e alarmante da ineficiência do governo em lidar com os desafios do comércio exterior. O “tarifaço” imposto por parceiros comerciais, combinado com a aparente inação das autoridades brasileiras, tem devastado a indústria pesqueira. Produtores e exportadores de pescado, que antes contribuíam significativamente para a balança comercial, agora enfrentam perdas drásticas, empregos ameaçados e um futuro incerto. Enquanto parte do governo se gaba de resultados macroeconômicos e utilizam um discurso populista, setores inteiros da economia estão sendo sacrificados por uma política externa que falha em proteger os interesses nacionais.
O superávit de US$ 6,1 bilhões em agosto não pode ser uma cortina de fumaça para a crise que se alastra em diversas cadeias produtivas. A ineficácia em negociar e a inércia em responder a barreiras comerciais demonstram uma falha estratégica que compromete a sustentabilidade do nosso crescimento. É imperativo que o governo Lula reavalie sua abordagem e adote medidas urgentes para apoiar setores como o de pescados, negociando acordos justos e eficientes para evitar o colapso de indústrias que são vitais para o país. Caso contrário, a celebração do superávit será apenas um breve momento de otimismo em meio a uma longa e dolorosa jornada de perdas e declínio.